BLOCO ARQUITETOS
- ACR 113
- 3 de mai. de 2024
- 12 min de leitura
Atualizado: 8 de mar.
O escritório Bloco Arquitetos foi fundado em Brasília em 1999, por Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco, formados em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB).

Figura 1: Disponível em: Revista Projeto

Daniel Mangabeira, nascido na Bahia, formou em 1999, no mesmo ano que Matheus Seco. Além de colegas de turma, foram também companheiros de estágio e após o expediente desenvolviam juntos seus próprios projetos, neste mesmo ano, nasceu o Bloco Arquitetos. Em 2013, Daniel graduou-se Mestre em Arquitetura pela Universidade de Westminster, em Londres (MA.Arch). Entre 2008 e 2010, foi diretor cultural do Instituto de Arquitetos do Brasil em Brasília (IAB-DF). Além disso, foi presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal (CAU/DF) entre 2018 e 2020.
Figura 2 : Daniel Mangabeira, sócio fundador do
Bloco Arquitetos
Disponível em: CAU

Henrique Coutinho, nasceu em Brasília em 1974, e se formou em 1997 em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília. Atualmente, é diretor administrativo financeiro do escritório.
Figura 3: Henrique Coutinho, sócio fundador do Bloco Arquitetos
Disponível em: Linkedin do arquiteto.

Matheus Seco, nascido no Rio de Janeiro, também se formou em 1997 em Arquitetura e Urbanismo pela UnB. Além disso, entre 2003 e 2004, graduou-se Mestre em Arquitetura pela Bartlett School of Architecture UCL, em Londres (Master of Architecture - MArch Architectural Design). Entre 2014 e 2016, foi presidente do IAB-DF.
Figura 4: Matheus Seco, sócio fundador do Bloco Arquitetos
Disponível em: Google imagens
Os três lideram uma equipe diversificada de arquitetos, na qual os projetos, apresentados principalmente por fotografias de obras construídas, demonstram a vasta experiência do escritório em diferentes escalas e programas, desde residências até instalações temporárias. O Bloco tem relação direta com outras áreas, como a topografia e a orientação solar de um terreno. Essa ligação entre disciplinas é vista como oportunidades de crescimento e de criação.
Ainda, o Bloco Arquitetos também é um dos fundadores do Atelier Piloto. O Atelier Piloto é um coletivo dos escritórios ARQBR+MRGB+BLOCO, eles promovem atividades culturais relacionadas à arquitetura brasileira e latino-americana. O objetivo é complementar a formação de estudantes e recém-formados por meio da simulação de uma contratação de projeto arquitetônico completo. A iniciativa busca promover interação entre estudantes, profissionais e escolas de arquitetura, organizando palestras e oficinas de projeto com foco no trabalho colaborativo e reflexão sobre arquitetura e urbanismo.
Além disso, os projetos do Bloco já ganharam espaço em renomadas revistas e plataformas online voltadas para a arquitetura. Com características horizontais, modularidade construtiva, valorização dos materiais básicos e a qualificação dos espaços com o controle da entrada da luz natural, o Bloco busca expressar processos com as questões construtivas. No ano de 2022 o escritório lançou o documentário “BLOCO Arquitetos - Em construção” no qual aborda a influência da cidade e da paisagem natural em si.
Parte dessas obras podem ser vistas no perfil do escritório e em sites, como o Dezeen e o Archdaily. Além disso, diversas outras obras foram reconhecidas, premiadas e exibidas tanto no Brasil quanto internacionalmente. Abaixo, o registro da equipe (Figura 5) e lista de projetos e premiações do escritório.

Figura 5: Equipe do Bloco Arquitetos
Disponível em: Bloco Arquitetos
Lista de Projetos
Lista de Prêmios
O escritório é contemplado com 54 prêmios, adquiridos tanto em premiações nacionais como internacionais. A seguir, tem-se a lista desses prêmios.
CASA CAVALCANTE
FICHA TÉCNICA
Local: Cavalcante, Goiás, Brasil.
Ano do projeto: 2016
Ano de execução da obra: 2019 - 2020
Área construída: 275 m²
Tipologia de uso: residencial
Padrão arquitetônico: arquitetura contemporânea.
Arquitetos responsáveis: Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho, Matheus Seco e Marina Lira.
Equipe De Projeto: Fernando Longhi, Guilherme Mahana.
Engenharia: Vista Engenharia.
O Projeto
A Casa Cavalcante está localizada em uma região próxima ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. A construção pertence a uma área cercada pela natureza, sendo a paisagem tomada pelo bioma do Cerrado. A ideia inicial do projeto era de que a casa se fundisse, de maneira harmônica, à paisagem em que foi construída.
O terreno está localizado em um local de difícil acesso e mão-de-obra, levando em conta a densa presença da natureza. O local em que a casa foi implantada possui 266 hectares de terra.

Quanto à geografia e ao clima, a região apresenta altas temperaturas, que estão relacionadas à ocorrência de queimadas naturais. Todavia, como estratégia aplicada contra incêndios, a casa possui um aceiro, o qual impede o crescimento da vegetação de pequeno porte que contribuiria para o alastre de chamas. A região do Cerrado também apresenta elevados índices pluviométricos durante a primavera e o verão, por isso a casa foi erguida a certa distância do solo. Logo, as paredes de adobe não serão atingidas nem danificadas pela água.
Já em análise à volumetria, tem-se uma edificação retangular, que conta com uma extensão lateral, também em formato retangular, destinada à área de lazer. A cobertura, a partir das telhas utilizadas, adquire um formato semelhante a um prisma triangular.

Quanto à análise dos desenhos arquitetônicos, observa-se que há um corredor que percorre todo o perímetro da casa, possibilitando a circulação dos residentes. Na planta da casa, é possível notar que a parte central da edificação é reservada ao espaço social e que esse espaço, através de uma grande abertura, é continuado em direção ao exterior da casa, onde há um deck, reservado à piscina e ao lazer. À esquerda do espaço social, está localizada a área de serviço, enquanto à direita, têm-se os cômodos de longa permanência.


Nas figuras abaixo, têm-se as imagens dos ambientes classificados como parte do espaço social da casa. Assim, têm-se fotos da sala de estar (figura 10) e da cozinha (figura 11). Ademais, tem-se a foto do espaço de lazer, formado pelo deck da piscina (figura 12).
O deck, exposto acima, trata-se de um espaço totalmente aberto, sem quaisquer tipos de cercamento territorial. Logo, esse modelo de estrutura permite que o morador da casa tenha uma ampla vista da paisagem ao redor, tornando-se um espaço de descanso aliado à natureza e convidando o indivíduo à imersão dentro do cenário de Cerrado.
Ademais, a casa apresenta um espaço de circulação diferenciado. O projeto, conforme dito anteriormente, idealiza um corredor que percorra todo o perímetro da residência e que conecte todos os cômodos, o qual é vedado apenas por brises de eucalipto, sem alvenaria tradicional. Esse material vegetal, é considerado um elemento repelente, ideal na proteção da casa contra os insetos comuns na região. Dessa forma, o espaço de circulação torna-se um ambiente adjacente ao Cerrado.


Em relação à parte estrutural, a residência possui uma cobertura feita de perfis-caixa e de telhas termoacústicas, as quais foram mantidas nas dimensões originais, a fim de evitar o corte e, consequentemente, facilitar a mão-de-obra. Assim, um beiral prolongado foi formado ao longo do perímetro da edificação, servindo de cobertura para o corredor, citado anteriormente. Dessa maneira, o beiral, aliado ao brise horizontal, propõe o sombreamento da casa.
As paredes que são de alvenaria foram construídas com tijolos de adobe, a partir da matéria-prima disponível no próprio local e com mão-de-obra artesanal. O tijolo utilizado possui oito furos, os quais permitem a passagem dos sistemas hidráulico e elétrico. Os ambientes privados, como o banheiro social, a área de serviço, a dispensa e as duas suítes são divididos por esse tipo de alvenaria e possuem aberturas conectadas ao corredor por ambos os lados da casa.
Além disso, a casa foi projetada para aproveitar ao máximo as qualidades climáticas do local. Desse modo, todos os ambientes são iluminados naturalmente. A fachada da casa direcionada ao sul abriga o deck para o espaço de lazer e de piscina. Dispostos para a orientação leste, têm-se os cômodos de longa permanência, que são dotados de ventilação cruzada e são protegidos pelo brise de eucalipto, a fim de propiciar o conforto térmico durante as noites. Já os cômodos adicionais, destinados à dispensa e à área de serviço, são direcionados à oeste.
Por fim, infere-se que a casa, ao utilizar a energia solar, considerada limpa, também explora recursos ligados à sustentabilidade. Por estar localizada em uma região afastada do centro urbano, a rede elétrica pública não é viável no local. Assim, surgiu a necessidade de instalação de painéis solares a uma curta distância do terreno, a fim de gerar a energia necessária para a iluminação da residência. A energia fotovoltaica adotada trabalha por meio de um sistema off-grid.
CASA 350
FICHA TÉCNICA
Local: Casa 350, Brasília, Brasil
Ano do projeto: 2022
Ano de execução da obra: 2023
Área construída: 500m²
Tipologia de uso: Residencial
Padrão arquitetônico: Arquitetura contemporânea
Arquitetos responsáveis: Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco
Equipe De Projeto: Giovanni Cristofaro e Victor Machado
Engenharia: Grid Engenharia
O Projeto
A Casa 350, que está localizada em Brasília, abrange uma área de 500 m² e foi idealizada pelo grupo Bloco Arquitetos. A agilidade na construção foi uma solicitação do projeto, assim, toda a sua forma, materiais e estrutura partem desse requisito.

O projeto estrutural se desenvolveu em torno da estrutura metálica, escolhida primordialmente devido ao custo-benefício, rapidez na montagem e disponibilidade de matéria-prima no mercado, ademais, outros itens, como forros e pisos foram aplicados com mão-de-obra local, combinando caracteres artesanais e pré-fabricados à obra.
O formato da casa foi definido pela junção de dois volumes sobrepostos perpendicularmente com módulo retangular de 350x350cm em estrutura metálica (o que gerou o nome da residência), com pilares distribuídos ao longo de todo o perímetro interno e ao longo da circulação vertical.
A distribuição dos cômodos foi pensada a partir do posicionamento do sol, a área social e de serviços estão localizadas no térreo, com os maiores lados voltados para Norte e Sul. Já no andar superior estão localizados os quartos, com todas as aberturas voltadas para o sol nascente.




As áreas em balanço de 7m do primeiro pavimento proporcionam espaços cobertos no térreo que podem servir como estacionamento, extensão de varanda/ locais de convivência. Além disso, toldos motorizados e translúcidos foram alocados em todas as aberturas para controlar a entrada de luz natural e promover a privacidade dos moradores.

Vale ressaltar que o piso do térreo foi confeccionado em concreto moldado no local, já os do primeiro pavimento e cobertura são de “steel deck”. As paredes internas são estilo “drywall” e as externas são em alvenaria comum. Ademais, as empenas cegas, receberam placas de alumínio composto, além de um forro externo.


CASA DAS PRAÇAS
FICHA TÉCNICA
Local: Casa das Praças, Brasília, DF, Brasil.
Ano do projeto: 2015
Ano de execução da obra: 2015 a 2018
Área construída: 950m²
Tipologia de uso: Residencial
Padrão arquitetônico: Arquitetura moderna
Arquitetos responsáveis: Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco
Equipe De Projeto: Victor Machado, Marina Lina e Luciana Ribeiro
Paisagismo: Mariana Siqueira e Jardins Cerrado
Engenharia: Tecna Construtora
O PROJETO
A Casa das Praças está localizada em um terreno com baixa declividade, próximo ao Plano Piloto de Brasília. As características desse terreno favoreceram a implantação da edificação com aberturas voltadas para a bela paisagem da capital e para a agradável vista do paisagismo, realizado sob a direção de Mariana Siqueira e dos Jardins Cerrado.


A Casa das Praças recebe esse nome devido a estratégia de construção que envolve espaços de jardim, denominados de ‘praças', as quais conectam as áreas internas às áreas externas da casa. O diferencial desse projeto fica por conta da forma de implantação da edificação no terreno, a qual foi desenvolvida sobre uma malha ortogonal com eixos de 3,65m × 3,65m, dispostos diagonalmente.

O primeiro piso é o pavimento térreo, que concentra os ambientes sociais, como a cozinha, as salas de estar, de convivência e de jantar. Além disso, através desse pavimento é possível a ligação dos espaços internos aos setores de lazer, a exemplo da piscina, e aos jardins, aspecto central do projeto em análise.
O piso seguinte concentra o setor íntimo da casa, onde há a instituição de ambientes destinados aos dormitórios, às suítes, aos banheiros privados e aos

closets. Pode-se observar que os dormitórios são compostos por grandes aberturas verticais, janelas construídas do chão ao teto, possibilitando o aproveitamento da iluminação natural e a consequente economia de energia elétrica.

Quanto à distribuição espacial, há uma harmonia volumétrica, que ocorre sem comprometer a estética ou a funcionalidade da casa.


Já quanto à parte estrutural, a edificação conta com vigas no contorno da construção, esquematizadas em um sistema de protensão em locais específicos. Assim, percebe-se uma regularidade entre os vãos da casa, que também conta com uma grande laje maciça em toda a sua superfície de cobertura.


A análise dos materiais usados na construção, permite concluir que todos os ambientes da casa recebem o mesmo tratamento, sem hierarquização de materiais. Logo, o piso maciço de madeira sucupira, usado no térreo e no pavimento superior, unifica e homogeneiza as funções dos espaços internos. Já o concreto e a madeira foram os materiais utilizados na área externa, como nas calçadas, na garagem e no local da piscina.


Por fim, pode-se entender que a casa foi projetada a fim de aproveitar ao máximo a iluminação natural e de desfrutar da ventilação cruzada. Para tanto, conta com as grandes esquadrias, citadas anteriormente, as quais são sombreadas pelas lajes em balanço. Desse modo, todos os ambientes são iluminados naturalmente, sem que sofram demasiado aquecimento. Além disso, a piscina, disposta na área externa próxima as esquadrias, possui a função de umidificar o ar que entra na residência, garantindo conforto nos dias mais secos e reduzindo o gasto com sistemas de refrigeração mecânica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bloco Arquitetos. Archdaily. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/office/bloco-arquitetos>. Acesso em abril de 2024.
BLOCO ARQUITETOS. Casa Cavalcante. Bloco Arquitetos - Escritório de Arquitetura em Brasília. 2020. Disponível em:
<https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-cavalcante/>. Acesso em abril de 2024.
BLOCO ARQUITETOS. Casa das Praças. Bloco Arquitetos - Escritório de Arquitetura em Brasília. 2018. Disponível em:
<https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-das-pracas/>. Acesso em abril de 2024.
BLOCO ARQUITETOS. Casa 350. Bloco Arquitetos - Escritório de Arquitetura em Brasília. 2022. Disponível em:
<https://www.bloco.arq.br/arquitetura/casa-350/>. Acesso em abril de 2024.
Bloco Arquitetos - Escritório de Arquitetura em Brasília. Disponível em:
<https://www.bloco.arq.br/sobre/>. Acesso em abril de 2024.
Casa Cavalcante / BLOCO Arquitetos. Archdaily. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/948462/casa-cavalcante-bloco-arquitetos>. Acesso em abril de 2024.
Casa das Praças / BLOCO Arquitetos. Archdaily. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/900564/casa-das-pracas-bloco-arquitetos>. Acesso em abril de 2024.
Casa 350 / Archdaily. Disponível em:
<https://www.archdaily.com/1010164/casa-350-bloco-arquitetos>. Acesso em abril de 2024.
Henrique Coutinho. Archilovers. Disponível em:
<https://www.archilovers.com/henrique-coutinho/>. Acesso em abril de 2024.
Matheus Conque Seco Ferreira. Escavador. 2022. Disponível em:
<https://www.escavador.com/sobre/2275778/matheus-conque-seco-ferreira>. Acesso em abril de 2024.
Recém-lançado, documentário aborda projetos do BLOCO Arquitetos. Revista Projeto. 2022. Disponível em:
<https://revistaprojeto.com.br/noticias/recem-lancado-documentario-aborda-projetos-do-bloco-arquitetos/>. Acesso em abril de 2024.










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