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isabel duprat

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 12 de mai. de 2023
  • 14 min de leitura

Atualizado: 8 de jul. de 2023


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Figura 01: Isabel Duprat - Disponível em: <e-pavilion.com/profissionais/isabel-duprat>

Isabel Duprat é uma paisagista brasileira, nascida em São Paulo em 1954. Ela é conhecida por seu trabalho na criação de projetos paisagísticos para diversas áreas, incluindo residências, condomínios, parques públicos, centros comerciais e hotéis. Sua relação com o paisagismo começou quando criança, incentivada pela terra do interior do estado e sua aptidão para produzir arranjos. Duprat se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, em 1978. Estagiou com Roberto Burle Marx, e participou do grupo de pesquisa da botânica Nanuza de Menezes na USP, onde teve a oportunidade de participar de expedições e buscar novas espécies. Participou por seis anos no Departamento de Parques e Áreas Verdes da Cidade de São Paulo e criou uma aula de história dos jardins na escola de jardinagem do Parque Ibirapuera, além de participar da criação de um curso municipal de jardineiros para preparação de mão de obra especializada.


Em 1987, fundou sua própria empresa, a Isabel Duprat Arquitetura Paisagística, porém havia pouca demanda para projetos paisagísticos, dessa forma, além de escritório de projetos e execuções de jardins, era uma loja de plantas, em uma chácara no bairro central da cidade. Este local foi importante para o começo de sua carreira, pois foi onde conheceu o Sr. Fernando Silva, um jardineiro português que a ensinou muito sobre as plantas e sobre como trabalhar com elas. Com as mudanças da cidade, Duprat mudou seu escritório e passou a focar somente em projetos, foi então que, em 2002, seu marido, Manoel Dubeux Leão, músico e engenheiro agrícola, juntou-se à equipe. Ela conta que seu processo de criação é único para cada projeto, mas, se feito de forma respeitosa, é possível alcançar resultados prazerosos que tem sempre como objetivo fazer com que as pessoas se sintam bem.


Duprat foi a única brasileira retratada no livro "Woman Garden designers – 1900 to Present". Já recebeu alguns prêmios sendo eles o Prêmio Casa Claudia de Design de Interiores, o Prêmio Planeta Casa e o Prêmio Top XXI Casa & Mercado. Seu trabalho já foi publicado em grandes revistas como a Forbes na lista "50 over 50" de 2022, e na Architectural Digest em "AD100 2023", colocando a paisagista entre os 100 arquitetos e paisagistas mais brilhantes da América Latina. Ela é autora do livro "Jardins de Bolso: 50 Projetos de Pequenos Espaços", lançado em 2015, e também escreveu artigos para a revista "Casa Vogue".



projetos


  • Instituto Moreira Salles ( IMS ) - Rio de Janeiro - RJ, 1995 a 1999

  • Casa Roberto Marinho - Rio de Janeiro - RJ, 1995 a 2000

  • Formas da Terra - Região dos Lagos - RJ, 1998

  • BankBoston SP - São Paulo - SP, 1999 a 2002

  • Fazenda Santa Isabel - Jaguariúna - SP, 1999 a 2003

  • Jardim na Rua Argentina - São Paulo - SP, 2001

  • Jardim do Canal - Ilhabela - SP, 2001 a 2003

  • Jardim Brasileiro - São Paulo - SP, 2003 a 2009

  • Portinho Morumbi - São Paulo - SP, 2004 a 2006

  • Jardim da Casa Amarela - São Paulo - SP, 2006 a 2008

  • Caleidoscópio - Rio de Janeiro - RJ, 2007

  • WTC Montevideo - Montevideo - Uruguai, 2007 a 2008

  • Jardins do Edifício Jatobá - São Paulo - SP, 2007 a 2010

  • Jardim da Casa Grécia - São Paulo - SP, 2007 a 2010

  • JK Iguatemi e Torre Santander - São Paulo - SP, 2008 a 2011

  • Jardim da Casa Gêneses - São Paulo - SP, 2008 a 2011

  • Jardim Botânico - São Paulo - SP, 2008 a 2013

  • Casa Cubo - São Paulo - SP, 2009 a 2013

  • Casa V4 - São Paulo - SP, 2009 a 2011

  • Casa na Mata - Guarujá - SP, 2009 a 2015

  • Residência Doha - Doha - Catar, 2010

  • Casa Rampa - São Paulo - SP, 2010 a 2014

  • Jardim da Casa Delta - Guarujá - SP, 2010 a 2014

  • Complexo Luz - São Paulo - SP, 2010 a 2013

  • Jardim em Paraty - Paraty - RJ, 2011

  • Casa dos Pátios - São Paulo - SP, 2011 a 2013

  • Casa do Pau-Brasil - São Paulo - SP, 2011 a 2014

  • Módulo Rebouças - São Paulo - SP, 2012 a 2015

  • Jardim dos Trapézios de Água - Bragança Paulista - SP, 2012 a 2015

  • Jardim da Casa Asa - Rio de Janeiro - RJ, 2012 a 2019

  • Jardim da Casa na Marina - Paraty - RJ, 2013 a 2015

  • Jardim da Clínica Axis - São Paulo - SP, 2013 a 2015

  • Praça Infantil - São Paulo - SP, 2013 a 2015

  • Edifício Une - São Paulo - SP, 2013 a 2016

  • Jardim das Sibipirunas - São Paulo - SP, 2013 a 2016

  • Jardim da Boa Vista - Rio de Janeiro - RJ, 2013 a 2019

  • Jardim da Residência - Os Bragança Paulista - SP, 2014 a 2017

  • Somosaguas - Pozuelo de Alarcón - Espanha, 2014 a 2017

  • Jardim Carioca - Rio de Janeiro - RJ, 2014 a 2017

  • Jardim Paulista - São Paulo - SP, 2015 a 2016

  • Casa Areia - Bahia, 2015 a 2019

  • Jardim do Mangue, Casa KT - Bahia, 2016 a 2018

  • Casa Vista - Bahia, 2016 a 2019

  • Jardim da Mata Atlântica - Paraty - RJ, 2016 a 2019

  • Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein - São Paulo - SP, 2016 a 2022

  • Casa 3M - São Paulo - SP, 2017 a 2020

  • Valcotos - Madri - Espanha, 2018 a 2019

  • Jardim em Ibiza - Ibiza - Espanha, 2018 a 2021


Dentre os projetos citados acima, serão analisadas as obras do BankBoston - SP e o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein - SP.



Bankboston sp


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Figuras 02 e 03: Sede e Jardim da Sede do BankBoston, SP - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
Ficha Técnica:
  • Localização: Vila Cordeiro, Avenida Doutor Chucri Zaidan, 246

  • Período de execução: 1999 a 2002

  • Área externa da intervenção: 10.000 m²

  • Paisagismo: Isabel Duprat Arquitetura Paisagística

  • Arquitetos: Escritório de Chicago Skidmore, Owings & Merrill (SOM), de Chicago. Adaptado pelo Escritório Técnico Júlio Neves

  • Engenheiro: William Frazier Baker

  • Edifício: 145 metros de altura, com 30 andares

  • Cliente: Estado de Chicago, EUA

  • Status: construída

  • Tipo de projeto: privado


Sobre o projeto:

BankBoston é um banco de origem norte-americana controlado pelo Bank of America, sua atuação é dedicada à elite de alta renda. A sede do BankBoston em São Paulo, Brasil, é um arranha-céu de 145 metros de altura com 30 andares. O prédio foi inaugurado em 2002 e em 2007 foi vendido para o Banco Itaú. Em janeiro de 1999, na cidade de Chicago, a proposta do projeto de Isabel Duprat foi apresentada pela primeira vez para os arquitetos do escritório norte americano SOM - Skidmore, Owings and Merril. Isabel e sua equipe foram selecionados dentre 15 escritórios para a execução do projeto paisagístico da nova sede do BankBoston em São Paulo.


O projeto foi implantado na Vila Cordeiro, Avenida Doutor Chucri Zaidan, 246. O prédio fica em uma área de topografia plana, no bairro nobre e arborizado de São Paulo, em um centro financeiro. A intervenção ocorreu em uma área de aproximadamente 10.000 m², o objetivo era fazer um parque para lazer dos funcionários e que fosse tipicamente brasileiro, exigência do escritório SOM. Isto deu a Duprat a oportunidade de explorar as árvores tradicionais do Brasil. O jardim tem a premissa de atuar como uma espécie de praça, não só para os funcionários do banco, mas também para os hóspedes do hotel vizinho, Hyatt, visto que o hotel estava sendo construído ao mesmo tempo e os próprios arquitetos do edifício quiseram tirar proveito. Cabe destacar, também, o fato de que o projeto traz inspirações dos projetos de Burle Marx, enquanto atende às demandas do escritório SOM.

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Figura 04: Planta do jardim - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 05: Planta do jardim com a disposição da vegetação - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>

A condicionante do espaço para implementação do projeto era no formato de L e, como não é um espaço público, foi utilizado por Duprat vegetações arbóreas mais altas e densas para fechar as aberturas que são direcionadas para as avenidas, assim ela consegue criar um espaço mais reservado. Outro elemento que estrutura o projeto são os caminhos, tanto para a água quanto para os pedestres e carros. O caminho da água forma um espelho d’água em frente à edificação e vai até próximo da entrada dos carros, onde há carpas. Para os pedestres há dois caminhos, sendo que um deles possibilita a interação com o jardim e o outro não. Por fim, para automóveis, foi desenvolvido um caminho em C que acompanha a organicidade do jardim. Cada elemento estruturante será mais aprofundado à frente.


Análise do jardim

As figuras 04 e 05 mostram as plantas do jardim do prédio. Pode-se ver que os materiais do piso no edifício foram escolhidos a fim de ofuscar o que não faz parte do jardim. Por exemplo, o acesso de carros se desenvolve de forma orgânica com o jardim, acompanhando as curvas, o material utilizado é granito em tons de cinza, assim o impacto do automóvel do espaço é menor. Já o piso escolhido para pedestres foi o mosaico português de cor ocre para percursos mais rápidos com circulação de pessoas. O pedrisco por sua vez foi colocado em passeios mais demorados e estares, a fim de oferecer maior aconchego, como em pequenas praças espalhadas pelo jardim.


As árvores foram estrelas do projeto e usadas tanto para fechar e isolar o ambiente do exterior quanto para setorizar o jardim, auxiliando na identificação dos lugares. As córdias caracterizam a Praça da Cafeteria, já as magnólias amarelas a Praça do Auditório, o bosque das jabuticabeiras e as guarirobas junto ao Hyatt, caracterizam o bosque de lofanteras, que fica ao longo da passarela de acesso principal. Além disso, as frutas presentes próximas ao riacho, pitanga, grumixama, goiaba, jambo, jabuticaba e cereja acabam por atrair não somente insetos polinizadores, mas também pássaros.

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Figura 06: Piso de pedrisco em uma das praças - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 07: Piso mosaico português de cor ocre nos passeios do jardim - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 08: Piso de granito em tons de cinza - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>

O projeto de Duprat conta com aproximadamente 40 espécies diferentes de árvores e palmáceas de médio e grande porte, como Jequitibá, que pode alcançar até 50 metros de altura.

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Figura 09: Plantas rasteiras e árvores em contraste - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 10: Plantas com flores brancas - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 11: Árvore Areca de Iocuba - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 12: Árvore Rainha das árvores com flores vermelhas - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>

Além dos portes variados, as espécies utilizadas são advindas dos mais diversos locais, não só dentro do Brasil, mas também de outros continentes e, devido a essa amplitude territorial de origens, elas têm seu período de florescimento nas quatro estações, o que proporciona ao público uma experiência completa da beleza do projeto ao longo de todo o ano. Outro fator que agrega ao jardim é a presença de espécies frutíferas que são de grande influência para a biodiversidade local, além disso foram introduzidos peixes nos espelhos d'água.


Ademais, 60 espécies diferentes de arbustos e forrações são responsáveis por agregar diferentes percepções de relevo, cores e texturas para o jardim, sendo que também agregam na parte sensorial referente ao olfato, trazendo diversos aromas ao ambiente, como, por exemplo, o dos Jasmins.

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Figura 13: Bananeiras d'água dentro do lado - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 14: Trepadeira jade pendurada no pergolado - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 15: Plantas de diferentes cores formando setores - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>

Em uma outra análise, ao solucionar uma questão de trânsito de veículos com uma espécie de passarela, de formatos curvilíneos irregulares, que corre ao longo de todo o comprimento do terreno, Duprat acaba fazendo uma divisão do espaço com um dos lados mais estreito e comprido, enquanto o outro se aproxima de um formato mais arredondado. Pode-se considerar também uma terceira divisão não intencional do espaço o grande espelho d'água que se concentra, em sua maioria, ao redor do prédio da sede e flui ao longo do terreno assim como a passarela, sendo que, nas partes mais afastadas do prédio o mesmo se assemelha com um rio, enquanto na parte mais próxima da construção se assemelha com uma piscina de fundo em tons variados de azul mantendo os formatos ondulados adotados em todo o projeto. A parte que mais se assemelha ao rio é onde estão os peixes, e por isso a água é mais suja. Duprat faz uma divisão de águas com uma mureta que fica escondida embaixo da ponte, possibilitando assim um ambiente ideal para as carpas.

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Figura 16: Órquidea bambu próxima a ponte em espaço circular - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 17: Árvores Bambu mossô destacadas por sua altura - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>
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Figura 18: Árvore Pau-Brasil no centro da passarela - Disponível em: <isabelduprat2.com/bankboston>

Como dito, este projeto paisagístico busca acompanhar as curvas do edifício através da forma geométrica arredondada na disposição dos caminhos, do espelho d'água, das praças, da forma como a vegetação se dispõe no terreno, todas essas características são convergidas para o acesso principal que torna o prédio e o jardim bem harmônico. O espelho d’água é a estrela do percurso, percorrendo pequenas cascatas até um lago com peixes e plantas aquáticas, proporcionando uma variedade de sons. Os caminhos e praças foram pensados de forma que as sensações sejam distintas em cada local, ao andar pelo bosque você sente mais frescor, aconchego e conexão com a natureza pelo som da água. O jardim, apesar de ser plano, teve o terreno desenhado, como pode ser visto na figura 19, com certas elevações mais sinuosas que outras, por fins estéticos e também como forma de conduzir os corpos dos usuários com aberturas e fechamentos do espaço. Além disso foram projetadas duas praças, a da cafeteria e a das magnólias amarelas, que servem tanto para relações sociais quanto para diferentes apropriações que os usuários acharem mais conveniente, elas contam com mesas de xadrez em granito, bancos, cafés, sombra e sol. Por fim, a área mais recolhida é a pérgola florida, fica próxima ao lago com carpas e a praça dos paus-ferros, o ambiente conta com bancos e luz filtrada, é uma área mais distante e reservada do bosque.

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Figura 19: Planta topográfica do terreno - Disponivel em: <isabelduprat2.com/bankboston>



centro de ensino e pesquisa albert einstein (cepae)

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Figura 20: Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>
Ficha Técnica
  • Localização: Rua Comendador Elias Jafet, 755 - Morumbi, São Paulo - SP

  • Período de execução: 2016 a 2022

  • Área externa da intervenção paisagística: 8100m²

  • Área interna da intervenção paisagística: 1320m²

  • Paisagismo: Isabel Duprat Arquitetura Paisagística

  • Arquitetos: Safdie Architects

  • Botânicos: Kew Gardens, Sue Minter

  • Fisiologista: Rafael Ribeiro

  • Coordenação e colaboração: arquiteta Nathália Fonseca

  • Cliente: Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein

  • Status: construída

  • Tipo de projeto: privado


Sobre o projeto

O Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (CEPAE) é uma instituição educacional e de pesquisa localizada em São Paulo, Brasil, no bairro Morumbi, sendo adjacente ao Hospital Israelita Albert Einstein, integrando o paisagismo interno e externo. Com capacidade para seis mil pessoas, acomoda alunos de graduação em medicina e enfermagem, docentes e pesquisadores. É filiado à Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SBIBAE), uma organização sem fins lucrativos que opera o hospital, renomado e um dos principais de referência da América Latina.


O bairro em questão é um dos mais prestigiados na cidade de São Paulo, situado na zona sul da cidade. É composto principalmente por edifícios e condomínios fechados de luxo, apesar de ainda serem encontradas algumas casas e terrenos amplos, contribuindo para a preservação da natureza e do verde da região. O Morumbi é predominantemente residencial, e abriga instituições importantes como o Palácio do Governo do Estado de São Paulo e o hospital citado. A região é movimentada, com bastante fluxo de veículos e pessoas durante o dia, mas também oferece áreas mais tranquilas e arborizadas como o Parque Burle Marx e a Praça Vinicius de Moraes.


A proposta do projeto de paisagismo do CEPAE, pensada por Isabel Duprat e sua equipe, ocorreu em uma reunião em Boston. Ela e seus colegas haviam feito uma imersão no projeto de arquitetura de Safdie Architects para avaliar como poderiam contribuir efetivamente. Segundo ela, “O generoso espaço destinado ao projeto de paisagismo evidenciou que o processo criativo e atuação do paisagista teriam um papel fundamental e intrínseco ao projeto como um todo”.


Foi proposto um jardim maior e mais orgânico, em que a arquitetura precisava de mais solo e de se esparramar. Foi uma importante alteração na geometria do átrio, sendo criados passeios de forma que o espaço fosse um lugar a ser vivido e usufruído, não apenas um espaço de contemplação, assim, conectando o interior e o exterior para dar vida ao edifício, abrigando plantas e pessoas.


A topografia da região é acidentada com muitas elevações, vales e encostas, já que está localizada na transição entre a Serra da Cantareira e a planície do Rio Pinheiros. O terreno é composto por solos rasos e pedregosos, e de origem sedimentar, que se encontram no fundo de vales e áreas mais planas. Isso pode apresentar desafios para a construção de edifícios e estradas, exigindo um planejamento e engenharia cuidadosos para garantir a estabilidade e segurança da edificação. O paisagismo levou em consideração essas questões, usando espécies de plantas que se adaptam bem às condições impostas, além de considerar também a funcionalidade e acessibilidade, com áreas de estar em locais estratégicos para desfrutar a beleza natural do ambiente.

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Figura 21: ortes que exemplificam o uso da topografia aproveitada do terreno e criada para o paisagismo - Disponível em: <https://www.isabelduprat2.com/einstein>

O trabalho teve a duração de 5 anos e meio até a finalização da execução, de 2016 até 2022. Após a reunião em Boston, a equipe de Isabel Duprat juntamente com a equipe do arquiteto do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (CEPAE), Moshe Safdie, tiveram dois dias de assimilação do paisagismo, construindo desenhos e maquetes de papel, com muito envolvimento com a arquitetura. Houve diversas consultas à estudiosas botânicas, juntamente com leituras de temperatura do ambiente, umidade, etc, para o desenvolvimento das espécies inseridas e quais ações preventivas deveriam ser tomadas. Passando por essas pesquisas, com a implantação das primeiras árvores em outubro de 2022, o resultado final foi entregue ao cliente.


O paisagismo inclui a expansão das floreiras do átrio em direção à rua, com um bosque de bambu em direção ao norte e um bosque de palmeiras em direção ao sul. Durante a construção, foi preservada uma grande árvore de Jatobá, uma espécie nativa protegida ambientalmente, que foi relocada para uma posição de destaque próxima à entrada principal do edifício. O piso do átrio é de quartzito local, semelhante à pavimentação encontrada em parques públicos de São Paulo, como o Parque Trianon. Nas bordas da rua, poços de luz com trepadeiras suspensas trazem luz natural para as salas de aula e laboratórios abaixo do nível da rua. Todos os materiais de pavimentação usados nas entradas e calçadas são permeáveis para absorver a chuva e minimizar o escoamento das águas pluviais.


3. análise do jardim interno
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Figura 22: Setorização com circulação do Jardim central - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Azul - Área de circulação e entrada do prédio / Amarelo - Área de circulação / Vermelho - Área de permanência

Inicialmente, é perceptível a preferência por plantas de porte médio e baixo no jardim interno, com a colocação de algumas árvores de grande porte para dar mais altura ao jardim que é central à edificação. Essa disposição cria uma variedade de espaços, desde um anfiteatro social e espaço de exposições até áreas tranquilas e íntimas em torno de uma pequena fonte. As floreiras localizadas nos terraços reforçam a geometria curva do átrio, criando uma sensação de que foram esculpidas na própria terra. Além disso, esse ambiente possui um sofisticado sistema de controle ambiental para manter um ambiente confortável e saudável, atendendo à necessidade das plantas e também dos laboratórios de estudo. Podemos ver a profundidade da volumetria por meio do esboço e da maquete disponibilizada pela equipe da paisagista Isabel Duprat.

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Figuras 23 e 24: Fotos do projeto paisagístico interno do CEPAE - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Ao analisar a volumetria da vegetação, conseguimos perceber também o formato do jardim central, que ocupa uma forma orgânica central do Centro de Ensino e Pesquisa que, de certa forma influencia a maneira com a qual o jardim é colocado e organizado, respeitando a topografia gerada pela edificação e a sensação orgânica colocada pelo escritório Safdie Arquitetura. Por isso é necessária uma análise da volumetria do prédio para conectá-la ao desenvolvimento do espaço direcionado aos jardins, que trabalha mais com a forma espontânea e construção menos rígida, brincando com a topografia construída naquela porção do prédio e suas diferentes alturas, por exemplo, a porção vermelha do jardim possui uma arquibancada para se aproveitar do desnível.

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Figura 25: Desenhos e análises volumétricas do projeto paisagístico / Maquetes interativas de massa de modelar - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Sobre os tipos de vegetação utilizada, percebe-se que a ocupação interna é menos densa que a externa, com 76 árvores e 73 palmeiras entre as quais estão peroba-rosa, pau-mulato, catuaba branca, içara, alecrim-de-campinas, mirindiba-bagre, jabuticabeira, canela-fogo, canela-imbuia, coração de negro e aroeira-salso. Por fim, fizeram a cobertura do solo, acompanhando e enfatizando a geometria sinuosa e orgânica do jardim, café-de-salão, filodendros, plantas-aranha, aspidistra, liriopes, melindres, em grandes massas de cores e texturas, atapetando o chão sob as árvores, palmeiras e bambus.

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Figuras 26 e 27: Desenhos perspectivado do projeto paisagístico interno / Maquete do projeto - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Com isso tem-se uma volumetria mais transparente e menos robusta no interior do Centro, diferente da vegetação escolhida para ser colocada na parte externa do prédio, mais alta e densa comparada ao contexto interno.


jardim externo
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Figura 28: Distribuição da vegetação externa do CEPAE com setorização - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Laranja - Área densa do jardim externo / Rosa - Área menos densa do jardim externo que permite circulação mais livre de pedestres


O jardim externo do CEPAE é composto por uma variedade de plantas nativas e exóticas, além de árvores e arbustos que oferecem sombra e refúgio para aves e outros animais. Possui uma trilha de caminhada, que serpenteia entre as plantas e leva os visitantes a explorar os diferentes espaços, como um jardim de ervas, uma horta orgânica e uma área de compostagem. Além disso, possui uma fonte de água que oferece um ambiente tranquilo e relaxante. Um de seus destaques é uma escultura em aço inoxidável de 12 metros de altura, chamada "Orixás", localizada no setor rosa do jardim. A escultura representa as divindades da religião iorubá, um tributo à cultura afro-brasileira e uma homenagem à diversidade cultural do país. É um espaço dedicado à educação ambiental e à sustentabilidade, e é frequentemente utilizado para atividades educativas e eventos relacionados à natureza e à conservação ambiental. É um lugar único que convida os visitantes a se conectarem com a natureza em meio à cidade movimentada.

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Figuras 29 e 30: Fotos do projeto paisagístico externo do CEPAE - Disponível em: <isabelduprat2.com/einstein>

Ao analisar a fachada externa percebemos uma repetição das formas internas, sobre a volumetria, formas e altura da intervenção no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. De maneira a desenvolver e concluir essa análise, vemos que a parte externa do Centro conta com um vasto jardim externo composto, majoritariamente, por plantas de médio e grande porte.

Seguindo a mesmo estrutura de vegetação, foram plantadas cerca de 120 árvores brasileiras com floração expressiva em diferentes épocas do ano, tais quais, pau-brasil, sapucaia, jatobá, peroba, Jacarandá, ipê-roxo, ipês amarelo, vermelho e branco, jequitibá-vermelho, aldrago, pau-ferro, falso-barbatimão, sibipiruna, quaresmeira, entre outras. Sob elas grandes manchas de forrações de neomaricas, moreias, azaleias, com diferentes tons de verde e flores entre branco, amarelo e lilás, tudo sempre acompanhando o desenho circular do edifício trazendo a mesma linguagem das forrações das áreas internas. Além disso, foram colocadas jardineiras nos diversos níveis que envolvem o edifício com plantas pendentes criando panos verdes.

Por fim, ao ver a fachada do prédio como um todo, vemos o paisagismo como uma parte marcante do projeto final, compondo o edifício.

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Figura 31: Vista panorâmica Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein - Disponível em: <archdaily.com.br>

Referências


CENTRO de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Isabel Duprat, São Paulo, 2022. Seção Projetos. Disponível em: <https://www.isabelduprat2.com/einstein> Acesso em: 10 de abril de 2023.


BANKBOSTON SP. Isabel Duprat, São Paulo, 2002. Seção Projetos. Disponível em: <https://www.isabelduprat2.com/bankboston> Acesso em: 11 de abril de 2023.


Centro de Educação e Pesquisa Albert Einstein / Safdie Architects" [Albert Einstein Education and Research Center / Safdie Architects] 27 Ago 2022. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/987942/centro-de-educacao-e-pesquisa-albert-einstein-safdie-architects>. Acesso em 13 de abril de 2023


Dicas de paisagismo de Isabel Duprat. Isabel Duprat. Disponível em: <https://youtu.be/nR1hJbIZx2U>. Acesso em 15 de abril de 2023








 
 
 

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