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JOÃO DINIZ

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 13 de mai. de 2023
  • 9 min de leitura

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figura 1: retrato do arquiteto João Diniz fonte: site ArchDaily


arquiteto: vida acadêmica, profissional, parcerias e influências

João Diniz é um arquiteto brasileiro nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, em 1964. Ele é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, tem mestrado pela Universidade Federal de Ouro Preto em Engenharia Civil, com ênfase em estruturas metálicas. Ele possui um escritório em Belo Horizonte - JDArq Ltda - desde 1989 e atua nas áreas de arquitetura, urbanismo, design, cenografia e artes visuais. Possui em seu portfólio, além de projetos arquitetônicos, obras escritas e audiovisuais, e exposições artísticas; é o idealizador do projeto Pterodata que busca criar uma interdisciplinaridade entre essas áreas, como fotografia, escultura, poesia, desenho e música.

Além de seu trabalho como arquiteto, atualmente, João Diniz também é professor adjunto no curso de arquitetura da Fumec. João Diniz é reconhecido nacional e internacionalmente por sua atuação na área da arquitetura, já proferiu palestras, cursos e oficinas em diversas universidades e instituições profissionais no Brasil e também na Argentina, Martinica, Espanha, França, Alemanha, Lituânia e Polônia. Ele foi premiado em variadas competições da área, entre elas, levou o primeiro lugar no concurso BHCentro em equipe em 1989 pelo projeto na Praça Sete de Setembro - BH e ganhou medalha de ouro no Fórum Mundial de Jovens Arquitetos e Prêmio Rotring em 1991, em Buenos Aires, pelo projeto “Sonastério”.

João Diniz já fez parceria com a Bel Diniz, arquiteta, cenógrafa e fotógrafa, na obra Cuboesia, apresentada no Palácio Mangabeiras, Casacor Minas Gerais 2019, ela se trata de um pavilhão híbrido, um modelo de ‘land-art’ multissensorial, que desfruta da união da arquitetura, do design, da escultura, do paisagismo, do som e da poesia.

Fora do campo arquitetônico, João Diniz também explora a área do urbanismo, realizando projetos como a Passarela Itabirito, de 2012; o CIAAR Campus, de 2008 em Lagoa Santa; e a renovação da Praça do Barão, em Sabará. Além disso,o arquiteto participou de diversas exposições com obras voltadas para o campo do design, como a Scape Objects, de 2003, e a V Bienal Internacional de Arquitetura, ambas em São Paulo. Além disso, ele escreveu livros sobre questões técnicas e processuais da arquitetura, como Steel Life, de 2010 e Projekte 97 Trier, de 1997.


Em entrevista de alunos de arquitetura da UFMG com João Diniz, foi questionado se ele tinha alguma inspiração para a idealização de seus projetos, ele respondeu: “Arquitetura é uma disciplina ampla e penso que para estudá-la e produzi-la são necessárias informações que devem ir, preferencialmente, além de seu universo acadêmico específico. Assim, para se entender e realizar ambientes, edificações e cidades é proveitosa a busca de conhecimentos também nos campos das ciências sociais e naturais, geografia, engenharias, artes e cultura.

Procuro, na minha prática como arquiteto e professor, ampliar os estudos e ensino da profissão visando interagir de forma própria com estas áreas a fim de melhor entender com os territórios, os espaços gerados e seus usuários. Cheguei a criar uma (in)disciplina experimental, a transArquitetura ou arquitetura expandida, que leciono junto com convidados de diversas áreas do conhecimento, externas à arquitetura. Mas na tentativa de listar alguns nomes que me ensinam com suas ideias e obras, e com os quais aprendo como pensar e exercer a profissão, cito alguns, destacando o que me chama atenção neles:

- Renzo Piano (1937), por sua lucidez construtiva e ligação sempre inédita com os contextos em que projeta.

- João Filgueiras Lima, o Lelé (1932-2014), pela visão de uma arquitetura brasileira proposta como sistema construtivo flexível, ao mesmo tempo reproduzível e belo, e por sua visão ecológica do ato de construir

- Lina Bo Bardi (1914-1992), italiana, por apresentar uma nova visão da cultura brasileira através de exposições e projetos com usos de materiais regionais gerando significativos espaços culturais.

- Buckminster Fuller (1895-1983), estadunidense, por seu pensamento e produção de uma arquitetura de sintética leveza e conectada com a natureza

- Louis Kahn (1901-1974), estadunidense, pelo sentido de ordem revelado em suas obras e pela clareza no tratamento dos materiais e das questões tectônicas.

- Éolo Maia (1942-2002) & Jô Vasconcellos (1947), por revelarem em Minas Gerais a possibilidade de realizar uma significativa reflexão e conjunto de obras ao mesmo tempo ligadas a características regionais e a tendências internacionais.

Mas o nome que sintetiza o pensamento e a prática da arquitetura expandida é o do italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), por sua ampla visão das capacidades humanas focadas em direções diversas incluindo artes, design, engenharias, e ciências naturais.”


Ainda, ao ser questionado sobre o uso de formas geométricas em seus projetos, João responde: “[...] Minha relação com a geometria nos projetos arquitetônicos não é a priori uma decisão estética, mas uma resposta às lógicas, ou intuições, sugeridas pelas demandas e funções dos objetos a serem construídos. A estrutura é um forte gerador dos resultados geométricos alcançados, onde os projetos revelam, de maneira própria, as características e combinações dos componentes que o suportam. Outra questão que também participa desta geometria resultante é a natureza dos materiais utilizados, com suas conformações específicas gerando suportes e tratamento de superfícies, onde a ‘pele’ externa da construção completa e dialoga coerentemente com o ‘esqueleto’ que a antecede [...]”

Por fim, nós também perguntamos como o arquiteto relaciona os diversos campos artísticos que ele explora em sua carreira com o campo arquitetônico e sua resposta foi: “[...] Assim como em meu escritório de projetos, procuro, além da tarefa cotidiana de gerar projetos edificáveis, atuar em áreas da cultura como artes visuais, literatura e música. Imagino ser possível, enriquecer a experiência projetual e construtiva com reflexões e vivências presentes nestes outros campos paralelos. [...]”



Lista de projetos

Casa 28M, Nova Lima, 1980

Casa Ita, Belo Horizonte, 1981

E. Q. Indústria, Belo Horizonte, 1991

Loja E. Q., Belo Horizonte, 1991

Edifício Capri, Belo Horizonte, 1992

Omni Center, Belo Horizonte, 1994

Ed. TMJ, Belo Horizonte, 1994

Casa Terra, Abaeté, 1994

Residencial Gameleira, Belo Horizonte, 1997

Scala Workcenter, Belo Horizonte, 1998

Casa Eugênia, Lagoa Santa, 1999

Casa Serrana, Nova Lima, 2001

Golden Aparthotel, Belo Horizonte, 2002

C/Arte Editora, Belo Horizonte, 2002

Casa Jorge, Belo Horizonte, 2003

Casa Marina, Alphaville BH, 2005

Casa KS, Belo Horizonte, 2007

Ginásio Querubins, Belo Horizonte, 2007

Pavilhão Alpha, Nova Lima, 2008

Casa FP, Belo Horizonte, 2010

Casa ED, Belo Horizonte, 2010

Residencial Monet, Belo Horizonte, 2013

Vestiário Campestre, Nova Lima, 2013

Casa HC, Brumadinho, 2016

Campus II Fumec, Nova Lima, 2003

Reitoria Fumec, Nova Lima, 2004

Museu Fiat, Betim, 2005

Mercado do Cruzeiro, Belo Horizonte, 2011

Cracóvia Macroscópica, Polônia, 2012

Auditório FEA, Belo Horizonte, 2013

Mercado de Florianópolis, Florianópolis, 2013

Centro Convivência UFJF, Juiz de Fora

Place of Architecture, Montreal

Residencial Positano, Belo Horizonte,

Residencial Firenze, Belo Horizonte,

Alojamentos no CIAAR, Lagoa Santa,

Royal Savassi Hotel, Belo Horizonte,

Royal Express Hotel, Belo Horizonte,

Sonastério Estúdio, Nova Lima,

Estudio Querubins, Belo Horizonte,

Pórtico de Acesso CIAAR, Lagoa Santa,

Edifícios de Serviços CIARR, Lagoa Santa,

Edifício da Banda de Música CIAAR, Lagoa Santa,

Escola e Centro de Convivência CIAAR, Lagoa Santa

Capela, Lagoa Santa,

Fac. Ciências Médicas / Ampliação-Retrofit, Belo Horizonte



Obras analisadas

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CASA SERRANA

Ficha técnica:

Local: Estância Serrana, Nova Lima, MG, Brasil

Início do projeto: 2000

Entrega da obra: 2001

Tipo de obra: residencial

Principais materiais: aço e concreto

Área do terreno: 1003 m² figura 2: representação digital do modelo da casa fonte: ArchDaily

Peso da estrutura: 14,5 ton


Localizada no condomínio Estância Serrana, em Nova Lima, a Casa Serrana é construída sobre a mata de um terreno em declive. Sua estrutura em aço projeta a casa acima do nível da copa das árvores, o que contribui para uma impressão de leveza à estrutura: busca-se exprimir a ideia de que a casa estaria flutuando sobre as árvores.


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figura 3: vista da Casa Serrana fonte: ArchDaily

A edificação se divide em três pavimentos, e entre eles dois meio pavimentos que se projetam para dentro da mata, onde cria-se espaços de convívio. A ponte que dá acesso à rua funciona como uma âncora, o ponto na estrutura que conecta e prende o restante. Possui uma escada circular central como o único ponto de circulação vertical do projeto.



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figura 4: corte da Casa Serrana fonte: site ArchDaily


Analisando o corte acima, observa-se os meio pavimentos, onde cria-se os espaços de convivência (sala, pátio e varanda). Além disso, o pavimento inferior ao de entrada é dedicado às áreas de serviço. No primeiro pavimento está o hall de entrada, a copa e a sala de refeições Por fim, no último pavimento estão os quartos e o acesso ao terraço, que também se dá pela escada central, lá há uma estrutura que abriga a caixa d’água e os painéis solares.


Planta - Nível Inferior: Neste pavimento, há uma cozinha, um pequeno lavabo, depósito e um quarto de funcionário, ambiente que era comum nas residências.

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figura 5: planta do piso inferior fonte: site ArchDaily


Planta - Primeiro Pavimento: No pavimento de entrada há acesso principal de pedestres e automóveis ocorre pela mesma ponte, que conecta-se com a garagem e a porta de entrada. No ambiente interior, apresentam-se o Hall de entrada, um lavabo e uma cozinha aberta, com copa e uma pequena varanda, que também pode funcionar como área de serviço. Ainda na planta observa-se também o ambiente da sala ampla com a varanda, que está localizada meio pavimento abaixo.

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figura 6: planta do primeiro pavimento fonte: site ArchDaily


Planta - Mezanino: Este ambiente é representado pelo nível médio entre os primeiro e segundo pavimentos. Nele a escada dá acesso a um pequeno corredor panorâmico que leva à um ambiente que pode ser usado como um escritório ou um quarto de visitas.

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figura 7: planta do mezanino fonte: site ArchDaily


Planta - Segundo Pavimento: Este pavimento é dedicado aos ambientes íntimos da edificação. Aqui temos um corredor que dá acesso a dois quartos, um banheiro e uma suíte. Ainda, há um terraço que pode ser acessado por todos os quartos e pela suíte.

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figura 8: planta do piso superior fonte: site ArchDaily


Cobertura: Por fim, a vista da cobertura, que ajuda a analisar a estrutura do arco usado pelo arquiteto para “fechar” a estrutura e também esconder alguns elementos técnicos da residência, como a caixa d’água.

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figura 9: vista da cobertura, indicando os caminhos d'água fonte: site ArchDaily


Portanto, afirma-se que João Diniz projetou um edifício que se mistura bem à paisagem. Ele utiliza do terreno em aclive para a formação do conceito da estrutura. Em uma possível análise, os pilares metálicos levantam a estrutura de forma a representar o tronco de uma árvore, como uma provável leitura do entorno. Além disso, a projeção da sala, para o interior da floresta, também contribui para a criação do conceito de “casa na árvore" e para a conversa entre o edifício e a natureza


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figura 10: foto da varanda da casa fonte: site ArchDaily


CAPELA EM LAGOA SANTA
FICHA TÉCNICA
  • Local: Lagoa Santa, MG.

  • Início do Projeto: 2008 (Campus CIAAR)

  • Término: 2018

  • Tipo de obra: Integrada a um Plano Urbanístico

  • Principais Materiais: Concreto Armado e Vidro

  • Área: 482m²


Diniz teve como um dos seus projetos em Lagoa Santa, Minas Gerais, as novas instalações no Centro de Integração e Aperfeiçoamento da Aeronáutica (CIAAR) , instituição que tem como objetivo preparar indivíduos para que atividades de comando sejam precisamente realizadas dentro da Força Aérea Brasileira (FAB). O terreno tem 70 hectares com áreas planas e as instalações incluem plano urbanístico no qual a capela está integrada. Foi finalizada em 2018 e ocupa 482m² do terreno.

Observa-se pela figura abaixo que o edifício está implantado no eixo leste-oeste, com fachadas sem aberturas nessas direções

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figura 11: situação da capela no terreno fonte: site ArchDaily

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figura 12: foto da fachada Sul da capela fonte: site ArchDaily


A capela é formada por duas grandes cascas contínuas em concreto que se encontram, mas não se encaixam, formando chão, paredes e teto. A integração diferenciada dos espaços, resultante do encontro de dois "fundos infinitos", insinua a união entre os atributos humanos e espirituais, tornando o edifício uma possível metáfora da fusão da vida com a eternidade.

A forma com que não se conectam propicia um desnível interno, o qual favorece a divisão entre a nave e o presbitério, e um shad, para melhor iluminação. As cascas alçadas do piso externo são sustentadas por pilares redondos em concreto e o acesso é realizado por uma rampa que acompanha a forma de uma delas. As fachadas frontais e posteriores são envidraçadas, permitindo visualizar o interior.


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figura 13: foto no interior da capela fonte: site ArchDaily

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figura 14: foto no interior da capela fonte: site ArchDaily

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figura 15: imagem da cruz da capela, em estrutura metálica fonte: site ArchDaily


Próximo ao acesso da capela se encontra uma grande estrutura metálica remetendo a imagem da cruz, formada por vários elementos, facilitando sua visualização no sentido ortogonal e paralelo. O acesso é realizado por uma rampa na fachada norte que leva à porta de entrada na parede de vidro. Nas fachadas norte e sul, o elemento em concreto faz uma projeção para fornecer sombra para dentro da edificação e para o acesso frontal.

No pavimento térreo há um espaço com leve declive para o público permanecer e manter melhor visualização; e um altar de nível mais alto com acesso por duas escadas laterais. Ainda no nível mais alto, do altar, possui uma sala para sacristia.

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figura 16: planta da capela fonte: site ArchDaily


Na cobertura, a própria forma da edificação, no caso a casca em concreto armado, gera o teto e a inclinação de escoamento da água.

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figura 17: planta da cobertura fonte: site ArchDaily

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figura 18: corte AA fonte: site ArchDaily

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figura 19: corte BB e CC fonte: site ArchDaily

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figura 20: fachada Sul fonte: site ArchDaily

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figura 21: fachada Leste fonte: site ArchDaily

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figura 22: fachada Norte fonte: site ArchDaily

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figura 23: fachada Oeste fonte: site ArchDaily



 
 
 

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