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Marcos franchini

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 21 de out. de 2022
  • 13 min de leitura

Nome expoente da nova geração de arquitetos contemporâneos, o jovem mineiro Marcos Franchini apresenta um repertório vasto em obras humanistas.

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Figura 1: “Marcos Franchini”, disponível em: https://www.linkedin.com/in/marcos-franchini

1. Biografia

Marcos Mascarenhas Franchini de Oliveira nasceu em 1987 na capital mineira Belo Horizonte. Iniciou, em 2005, o curso de Design de Produto na Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais. No entanto, dedicou-se exclusivamente a concluir, no ano de 2010, a graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Além disso, possui formação complementar em Geografia do Turismo pela Université Paris-Sorbonne em Paris, na França, e é mestre, desde 2017, em Ciências da Construção Metálica pelo MECOM na Universidade Federal de Ouro Preto em Minas Gerais.

Com a marca da arquitetura contemporânea, desenvolve projetos focados em inovação, coerência e conexões à realidade. Defende a ideologia de um bom trabalho em grupo, ressaltando a importância tanto da pluralidade quanto da construção de relações entre os colaboradores. Em entrevista a estudantes de arquitetura da UFMG e da PUC-MG no dia 21 de setembro de 2022, quando perguntado sobre nomes influentes em sua carreira, citou “Arquitetos Associados, Fernando Maculan, Marcelo Alvarenga, João Diniz, Sylvio de Podestá, Jô Vasconcellos e Freusa Zechmeister”.

Na área profissional, atua desde 2012 em escritório próprio, junto a sua esposa Nattalia Bom Conselho. Tal empreendimento está voltado a projetos habitacionais, também contando com repertório em interiores, exposições, edificações institucionais, entre outros. No momento, atua como professor substituto na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, colaborando igualmente com os cursos de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, UFOP, UniBH, Faculdade Pitágoras e, por último, na pós-graduação em Arquitetura de Interiores e Paisagismo da Una. Atenta-se ademais para sua atuação social desde 2022, no Coletivo Levante com projetos no Aglomerado da Serra.

Ao longo de sua carreira fez várias colaborações, tanto com arquitetos mas também artistas, designers, fotógrafos, etc. Como por exemplo: Lucas Carvalho, Gustavo Perdigão, Márcio Oliveira, Mariana Falcão, Letícia Azevedo, Maria Paz, Virgínia Paz, dentre outras, que podem ser observadas nas figuras 2 e 3. Convém destacar, dentre as mais importantes, a parceria com o arquiteto Sylvio de Podestá, que rendeu em 2010 o 1° lugar do Concurso CTU Usiminas no Rio de Janeiro.

Acumula diversas publicações em revistas impressas e digitais, possuindo projetos no ArchDaily, Galeria da Arquitetura, Revista Projeto, entre outros. Recebeu prêmios como 1° lugar da CASACOR Minas 2017 na categoria Inovação com a obra GUAJA Sapucaí em Belo Horizonte. Além disso, conta com o projeto premiado no Concurso XIX Premiação de Arquitetura IAB-MG Centenário Raphael Hardy, na categoria “Obra Construída - Edifícios para fins institucionais, culturais e educativos”, com Escola Casa Fundamental. Possui também uma menção honrosa no Concurso XVII Premiação de Arquitetura IAB-MG Pampulha Patrimônio de Todos na Categoria “Planos e Projetos - Habitação Unifamiliar” pela Casa Comiteco.

Diante dessa diversidade de projetos, elencam-se, para este artigo, a Casa Fundamental e a Casa Comiteco, de forma a demonstrarmos duas tipologias de uso distintos, sendo a primeira com fins institucionais na educação infantil e a segunda com fins residenciais.

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Figura 2: "Parcerias entre 2010 e 2016”. Material cedido por Marcos Franchini (2022).

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Figura 3: "Parcerias entre 2017 e 2022”. Material cedido por Marcos Franchini (2022).


Os projetos desenvolvidos desde 2010, estão em evidência nas figuras 4 e 5.

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Figura 4: “Lista de Obras” Material cedido por Marcos Franchini (2022).

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Figura 5: “Lista de Obras” Material cedido por Marcos Franchini (2022).


2. Escola Casa Fundamental

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Figura 6: foto interna da Escola Casa Fundamental.

Ficha Técnica

Local: Castelo, Belo Horizonte

Arquitetura: Marcos Franchini, MOBIO Arquitetura (Gabriel Castro) e Pedro Haruf Arquitetura/Design (Pedro Haruf)

Colaboração: Gabriel Nardelli

Área: 865m²

Tipologia do uso: Institucional (escola)

Padrão arquitetônico: Arquitetura Contemporânea

Ano do projeto: 2016

Ano de finalização da obra: 2017


Partindo primeiramente para uma obra institucional, selecionamos a Casa Fundamental por seu projeto que reaproveita uma estrutura previamente existente e a ressignifica em seu uso social. O antigo galpão possuía fins logísticos-industriais, e neste projeto foi transformado em uma instituição educacional. A Casa Fundamental, localizada no Bairro Castelo, foi projetada e realizada por Marcos em conjunto com Gabriel Castro, da MOBIO Arquitetura, e Pedro Haruf. A escola possui como premissas principais possibilitar o ensino e aprendizagem através do convívio, criar espaços para debate educacional, propiciar rigor acadêmico e experimentações pedagógicas, bem como o espaço servir como elemento ativo do processo de ensino e aprendizado. Também nota-se a intenção de integrar a estrutura, que antes possuía pouco uso da comunidade, com a comunidade local.


Contexto do Local

A edificação foi construída no Bairro Castelo, que se configura majoritariamente como um bairro residencial de alto padrão. Historicamente, o terreno pertencia ao antigo loteamento da Fazenda Serra e, após sua emancipação como bairro, tornou-se majoritariamente residencial. Eventualmente conta com alguns quarteirões de galpões industriais para logística de distribuição e antigas fábricas locais. Demograficamente, possui grande número de crianças na faixa etária escolar, sendo portanto necessária a presença de instituições educacionais para o público infantil. Além disso, possui proximidade à praça pública Manoel de Barros.

Topograficamente, não se tem acesso à configuração do terreno original anterior à construção dos galpões, porém observa-se que, atualmente, o terreno construído possui declividade bastante inferior à da obra a ser analisada posteriormente, com apenas 3,01%. Além disso, a escola localiza-se próxima a um curso d’água subterrâneo da Avenida Heráclito Mourão de Miranda, sendo portanto também próxima a uma zona de contaminação de lençol freático.

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Figura 7: mapa topográfico com curvas de nível de 5 metros.

Fonte: BHMap


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Figura 8: mapa de nascentes e cursos d’água nas proximidades de Comiteco.

Fonte: BHMap


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Figura 9: mapa demarcando zona de contaminação de lençol freático.

Fonte: BHMap


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Figura 10: mapa com delimitação de vulnerabilidade social.

Fonte: BHMap


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Figura 11: mapa com localizações de instituições de ensino na região.

Fonte: BHMap


Já em termos sociais-demográficos, o bairro caracteriza-se por seu baixo índice de vulnerabilidade social, sendo portanto um bairro de alto padrão com ocasionais usos industriais historicamente. Além disso, nota-se que não existem, além da Casa Fundamental, instituições de ensino tão próximas para o público-alvo à região delimitada de forma que atenda às necessidades parentais.

Observa-se abaixo, por fim, a implantação do galpão, mantido com sua visão aérea praticamente inalterada desde a reestruturação, dentro do contexto aproximado do Bairro Castelo.

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Figura 12: visão de satélite do galpão, acompanhada da inserção da planta baixa com os ângulos e direções ajustadas.

Fonte: Google Maps, visão de satélite.


Edificação no geral

A parte externa do galpão possui formato retangular com teto em forma de um setor alongado longitudinalmente. Seu sistema estrutural é reticular, feito de alvenaria estrutural e utiliza treliças metálicas como vigas.


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Figura 13: Foto da estrutura interna do galpão antes da reforma.


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Figura 14: Fachada externa antes da reforma.


Já na parte interna da escola, os espaços também são divididos em setores em formato de blocos alongados longitudinalmente. O sistema estrutural interno possui forma estrutural plana (as vigas não possuem as mesmas distâncias entre si), é metálico e apresenta perfis laminados de aço para compor a estrutura (vigas e pilares); Painéis Wall são utilizados como sistema de lajes; Drywall e soluções de marcenaria e serralheria foram escolhidos para serem utilizados como divisórias e fechamentos verticais.


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Figura 15: Estrutura interna térreo.

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Figura 16: Estrutura interna, segundo andar.


Para solucionar os problemas ligados ao conforto térmico, acústico e luminoso dentro do galpão, em alguns locais, os materiais de vedação já presentes na estrutura existente foram substituídos por telhas perfuradas e cobogós, foram feitas novas aberturas, aumentou-se o número de zenitais na estrutura e realizou-se um jateamento termo-acústico por cima do telhado.

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Figura 17: Corte da Escola Casa Fundamental.

As salas de aula, projetadas para acomodar 20 alunos cada, são abertas possuindo um amplo espaço de 70m² e projetadas para acomodar diversos layouts. As portas utilizadas são de correr e estão no mesmo trilho no qual se localizam as lousas brancas (localizadas na face interna das salas) de forma a permitir variações na forma de acesso às salas e a abertura completa destas.


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Figura 18: Foto interna da Escola Casa Fundamental.


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Figura 19: Possíveis organizações das salas de aula.


Os materiais e cores utilizados têm como objetivo estimular a multissensorialidade das crianças no espaço e a investigação com o uso do próprio corpo.


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Figura 20: Sofá com design diferenciado, embutido na parede.


A nova infraestrutura é construída com vários materiais e texturas: madeira, cimento, ferro, telhas serigrafadas, fibra de vidro e uma paleta de cores suave, tornando o espaço atraente para as crianças sem ser excessivamente estimulante. Optou-se por deixar todas as estruturas expostas, assim como os aspectos originais do galpão, como a textura, as paredes de blocos de concreto recém-pintadas e o piso de mármore industrial restaurado com raspagem da pintura que o cobria.

Como pode ser visto na figura 22, ocorre a utilização de elementos vazados também por seu efeito perceptivo, pois filtra a luz e a projeta de formas diferenciadas no ambiente durante o dia.


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Figura 21: Fachada externa depois da reforma.


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Figura 22: Elementos vazados à direita da foto.


Organização Espacial e Percurso

O projeto da Escola Casa Fundamental foi elaborado de maneira a atender as propostas educacionais levando em consideração o espaço como elemento ativo do processo de ensino e aprendizado das crianças.

Na parte de fora do galpão, antes de entrar na Escola, disposto na calçada, há um parklet que serve como espaço de convívio. Da fachada frontal é possível ver um grande portão de entrada e um ambiente fechado à esquerda, que abriga a horta, tratando esta como um meio fundamental para a criança colocar a mão na terra, acompanhar o crescimento das plantas e estabelecer uma relação direta com o alimento.


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Figura 23: Planta Escola Casa Fundamental.

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Figura 24: Vista da entrada principal.

À primeira vista, da porta é visível todo o ambiente interno, tanto do primeiro quanto do segundo pavimento, já que o amplo espaço possui o objetivo de integração em termos estéticos e de desempenho, com fluidez entre as zonas funcionais. No primeiro pavimento, a secretaria e os banheiros se põem ao lado esquerdo da porta de entrada, e a grande praça interna com as mini-arquibancadas que incentivam o trabalho em grupo e o escorregador com escadas compõem a maior parte do ambiente. À frente dos banheiros, há um altar, o elevador e outras escadas que dão acesso ao segundo pavimento, uma porta entre a secretaria e os banheiros leva à horta. O refeitório, a cozinha e duas salas de aula também se fazem presentes mais ao fundo do primeiro andar.


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Figura 25: Planta subsolo.

No subsolo, acessado pelos fundos da cozinha, se localizam a despensa, sala de arquivo, almoxarifado, área de serviço e depósito.

Já no segundo pavimento, deixando o elevador, se dispõem a sala dos professores, um lavabo, a diretoria e a sala de reunião, respectivamente. Mais à frente, há a escada e mais duas salas de aula lado a lado, um grande pátio onde se localizam o escorregador, sua escada e um amplo ateliê.


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Figura 26: Planta segundo pavimento.


Além da organização espacial, é importante frisar algumas características singulares da Escola Casa Fundamental:

  • Todas as salas de aula foram projetadas para atender uma variação de layout, contendo um mobiliário versátil que possibilita diferentes modalidades de ensino e interações entre as crianças e um aprendizado dinâmico. Além disso, cada sala apresenta sua própria biblioteca, provador de fantasias, puffs, tapete, mesas, espelhos, bancada e pia.

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Figura 27: Disposição dos elementos na sala de aula.

  • A nova infraestrutura foi construída de modo a reconhecer a importância das experiências sensoriais do espaço e uso do corpo. A variedade de materiais e a paleta de cores deixa o ambiente convidativo para as crianças.

  • A escolha de elementos vazados também se deu por seu efeito perceptivo, pois filtra a luz e a projeta de maneiras diferenciadas no ambiente no passar do dia.


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Figura 28: Foto dos elementos vazados.

  • Um nicho disposto na parede que divide o pátio do ateliê também contribui para a exploração das experiências sensoriais, fazendo com que a criança seja estimulada a usar todo o seu corpo.


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Figura 29: Nicho na parede.

Concluindo, nota-se que a Escola cumpre com o objetivo para o qual foi estruturada: servir de navegação sensorial permitindo exaltar o papel da sinestesia na cognição e criação, sendo fundamental para os processos de construção do conhecimento e formação da personalidade da criança.


3. CASA COMITECO

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Figura 30: Foto de fachada da Casa Comiteco.


Ficha Técnica

Local: Comiteco, Belo Horizonte

Arquitetura: Marcos Franchini e Nattalia Bom Conselho

Paisagismo: Felipe Fontes

Estrutura e Execução: N Engenharia

Consultoria Conforto Térmico: Vert

Área: 204m²

Colaboração: Amanda Castilho, Gabriel Nardelli e João Pedro Facury

Tipologia do uso: Habitacional

Padrão arquitetônico: Arquitetura Contemporânea Ano do projeto: 2015

Ano de finalização da obra: 2018


Agora, partindo para um projeto de natureza residencial do arquiteto Marcos Franchini, selecionamos a Casa Comiteco por ter sido projetada para que o próprio arquiteto e sua família morassem. Feito em parceria com a esposa e outros nomes do paisagismo e arquitetura, a casa possui como premissas principais possibilitar a flexibilização para usos futuros, manter a estrutura topográfica do terreno natural, conter salas para aulas e reuniões, bem como possibilitar espaços amplos e integrados em uma edificação única.

A edificação possui uma sala comercial para aulas e reuniões relacionadas ao tema do vinho, em uma única edificação que atende de forma independente cada uso com certo grau de indeterminação espacial para flexibilização de diversos usos futuros. Importante notar que há a possibilidade de integração dos espaços, e também ampliação da residência para um terceiro pavimento, sendo assim, a edificação pode se transformar ao longo do tempo e das necessidades dos proprietários.

Ademais, o projeto obteve, em dezembro de 2015, menção honrosa na XVII Premiação de Arquitetura IAB-MG na categoria de projeto de Habitação Unifamiliar.


Contexto do Local

A edificação foi construída no Bairro Comiteco, que se configura majoritariamente como um bairro residencial de alto padrão. O bairro faz parte, atualmente, da Unidade de Planejamento Mangabeiras, assim como o Anchieta, Belvedere, Cruzeiro, Novo São Lucas, São Lucas, Serra e Sion, sendo parte da retomada da Associação dos Moradores do Mangabeiras Sudoeste e sendo um bairro emancipado como independente. Além disso, faz parte do Conjunto Paisagístico da Serra do Curral.

Topograficamente, a maior parte do terreno do bairro foi bastante modificado com cortes e aterros para abrigar as edificações lá presentes, o que se configura como um problema visto sua história como território sujeito a deslizamentos e outros riscos relacionados à mineração na Serra do Curral.


Observação: omitimos nos mapas a localização exata da casa a fim de se preservar a privacidade de Marcos Franchini. Para fins de análise, utiliza-se a natureza do bairro no geral, visto que, independentemente do ponto escolhido, os dados apresentados apresentar-se-ão relativamente iguais.



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Figura 31: mapa demonstrando a localização do bairro Comiteco em relação ao Corredor Ecológico Espinhaço Serra do Curral.

Fonte: BHMap


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Figura 32: mapa demonstrando unidades de Conservação Ambiental.

Fonte: BHMap


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Figura 33: mapa demonstrando proximidade a parques municipais.

Fonte: BHMap

O bairro Comiteco possui parte de seu território dentro do início do Corredor Ecológico Espinhaço Serra do Curral, portante a casa se localiza próxima a zonas de preservação importantes e que exigem cuidado redobrado no manuseio de técnicas construtivas. Além disso, em todo o seu entorno se localizam parques municipais de Belo Horizonte.


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Figura 34: mapa topográfico com curvas de nível de 5 metros.

Fonte: BHMap

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Figura 35: mapa demarcando área de risco de escorregamento.

Fonte: BHMap


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Figura 36: mapa de nascentes e cursos d’água nas proximidades de Comiteco.

Fonte: BHMap


O bairro, e a casa por conseguinte, localiza-se em um terreno com alta variação, possuindo 40,5% de declividade, não sendo observada a presença de curso d’água nem nascentes dentro do território do bairro. Ao invés disso, localizam-se nascentes nos bairros vizinhos do Anchieta e Sion. O bairro também é percebido estar 100% inserido em uma zona de risco de escorregamento, visto sua natureza de alta declividade com alto nível de alteração na topografia original pela interferência da construção civil.


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Figura 37: mapa demarcando zona de contaminação de lençol freático.

Fonte: BHMap

Enquanto não se localizam cursos d’água nem nascentes inseridos dentro dos limites físicos do bairro, este se localiza inteiramente dentro da zona de contaminação do lençol freático, o que se deve pelo histórico de mineração na região.

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Figura 38: mapa com delimitação de vulnerabilidade social.

Fonte: BHMap


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Figura 39: mapa demarcando dependências não residenciais na região do Bairro Comiteco.

Fonte: Google Maps, visão simplificada.

Já em termos sociais-demográficos, o bairro caracteriza-se por seu baixo índice de vulnerabilidade social, com pouco comércio e uso além do residencial, sendo portanto um bairro de alto padrão para fins habitacionais.


Edificação no geral

Observando, agora, a composição da obra, a casa Comiteco é composta, basicamente, por dois blocos de maior comprimento longitudinal, os quais são agenciados um sobre o outro e que possuem acessos independentes, por terem diferentes usos.


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Figura 40: Croqui de Marcos Franchini, com intervenção em azul para destacar o bloco maior que compõe a volumetria da edificação

Desses blocos, são extrudidos de cada um, no sentido noroeste, outros dois blocos menores, também maiores longitudinalmente.


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Figura 41: Croqui de Marcos Franchini, com intervenção em vermelho para destacar o bloco menor que compõe a volumetria da edificação.


O pavimento térreo abriga a sala de degustação de vinhos e há uma escada que leva ao pavimento superior, planejado para uso residencial. Entre eles, há um desnível de 3,2 metros, o qual se adapta à declividade do terreno, bem como a localização dos acessos.

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Figura 42: Plantas dos pavimentos com marcação em amarelo para destaque à escada e seus acessos.


Quanto ao aspecto externo da edificação, é aproveitada a textura dos elementos estruturais e dos blocos de concreto, a qual carrega um resquício de referência ao brutalismo.


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Figura 43: Acesso do pavimento térreo, com destaque ao concreto cru e aparente.

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Figura 44: Fachada noroeste, com destaque à aparência do concreto e aos detalhes em elementos metálicos.


Ademais, nas grades e nos brises são utilizadas chapas metálicas perfuradas, que trazem permeabilidade visual à edificação. Na fachada sudeste, que dá acesso à rua, o vazamento das chapas é maior que nos brises, visto que não foram abertas janelas nessa fachada, permitindo a criação de permeabilidade visual sem a perda da privacidade dos moradores da casa.



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Figura 45: Fachada sudeste da Casa Comiteco, com destaque à grade em placa metálica vazada e a ausência de janelas.


Além disso, os elementos metálicos também são utilizados nos perfis das janelas – onde estão associados ao vidro – nas grades dos guarda-corpos e no pergolado do segundo pavimento. Tal material aparece sempre revestido, na cor preta ou amarela – no caso exclusivo dos brises – para proteção contra a oxidação.


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Figura 46: Varanda do segundo pavimento, com destaque ao pergolado metálico acima e janelas de vidro com perfis metálicos ao fundo.


Organização Espacial e Percurso

A Casa Comiteco foi planejada com o objetivo de ter espaços comerciais para aulas e reuniões relacionadas ao tema do vinho, ao mesmo tempo integrado com o residencial, atendendo de forma independente e flexível às necessidades de uso dos proprietários. Sendo assim, a Casa Comiteco apresenta duas entradas independentes pela rua e uma entrada de acesso ao segundo pavimento internamente pelo primeiro, ambas com garagem.


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Figura 47: Planta baixa do pavimento inferior.


Pela entrada do pavimento comercial, definido como o primeiro, vê-se um jardim, uma escada que acessa a área residencial e a garagem, que no seu no canto esquerdo posterior está localizada a porta de acesso ao interior do andar. Em seguida, pela vista da porta, é possível dividir a parte interna em duas: à esquerda se localiza uma sala de reunião e o lavabo, já à direita há uma sala de degustação, uma cozinha e áreas de armazenamento e serviço. A fachada Noroeste é composta inteiramente de beirais, pérgolas e brises para proteger da grande incidência solar, mas permitindo uma vista definitiva para a contemplação da paisagem urbana.


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Figura 48: Planta baixa do pavimento térreo.


Já no pavimento residencial, entrando pela rua é possível visualizar primeiramente a garagem, esta contém duas entradas para o interior da casa, a primeira, dada como a principal, com uma grande porta de madeira que leva à uma pequena área antes de entrar na residência em si, e a outra que dá acesso à varanda.

Seguindo pela principal, na pequena área, além da entrada para a casa, há também uma porta que leva ao primeiro pavimento. A porta de acesso à residência conduz à área de serviço que divide sua parede direita com um lavabo, posteriormente há uma cozinha extensa que permite a visão de todo o ambiente interno por não possuir repartições, assumindo assim a flexibilidade e integração do espaço ao longo do tempo. A sala de jantar vem em seguida, separada da sala de estar apenas por um sofá, um grande móvel de madeira, com função de rack para a sala e armário para a suíte, que reparte os dois ambientes.


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Figura 49: Foto das salas de jantar e estar.

A segunda entrada externa dá acesso à extensa varanda da residência, que também possui acesso pelo interior por meio de amplas portas de correr de vidro que se põem ao longo da sala de jantar e estar.

Por fim, na cobertura há a instalação do sistema hidráulico e elétrico, alimentado principalmente por energia solar. Vale frisar que o edifício foi projetado de maneira a se adaptar às necessidades dos moradores, com possibilidade de expansão e construção de outros andares se preciso.


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Figura 50: Axonométrica.



REFERÊNCIAS

Marcos Franchini. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/office/marcos-franchini> . Acesso em: 21 out. 2022.

Marcos Franchini Arquitetura. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/escritorio-de-arquitetura/a-p/marcos-franchini-arquitetura/117774/>. Acesso em: 21 out. 2022.


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