Nitsche Arquitetos
- ACR 113
- 3 de jun. de 2022
- 10 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2022

Os irmãos Nitsche: da direita para a esquerda Pedro Nitsche, Lua Nitsche e João Nitsche
Fonte: Nitsche Arquitetos
O escritório paulistano Nitsche Arquitetos, fundado em 2003, é liderado por três irmãos: Lua Nitsche, Pedro Nitsche e João Nitsche. Lua Nitsche, a mais velha, nasceu em 25 de novembro de 1972 e se formou pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Paulo (FAUUSP) em 1996. Pedro Nitsche também se formou na FAUUSP, no ano de 2000, e nasceu em 25 de julho de 1975. O caçula, João Nitsche, nascido em 3 de abril de 1979, se formou em Artes Plásticas pela FAAP, em 2002, ele se dedica a projetos especiais, como intervenções urbanas artísticas, o que integra parte do portfólio do escritório. Todos eles nasceram na cidade de São Paulo.
A esquerda Residência Praia Vermelha - A direita a obra Eclipese no Parque Minhocõ (SP)
obras emblemáticas do escritório

Fonte: Nitsche Arquitetos - Escritório
Os irmãos Nitsche são filhos dos artistas Marcello Nitsche e Carmela Gross. Marcello Nitsche foi um artista intermídia, pintor, escultor, escritor, desenhista, gravador e professor. Carmela Gross é artista visual e multimídia, além de desenhista, escultora, gravadora, pintora e professora de artes plásticas. Talvez desse berço tenha vindo a criatividade para a transformação e reinvenção do espaço para além de sua função usual.
Carmela Gros, artista plástica e mãe dos irmãos Nitsche

Fonte: Hammer Museum - UCLA
Juntos, fundaram o escritório que se distribui em duas diretrizes: projetos de arquitetura, encabeçados por Lua e Pedro Nitsche, e trabalhos de arte e comunicação visual, liderados por João Nitsche. O escritório procura estar em sintonia com a atualização das técnicas e materiais construtivos no mercado, visando uma simplificação e racionalização do projeto como base de sua arquitetura.
influências
Quando pensamos em escolha de carreira e processo criativo, os irmãos Nitsche têm forte influência da família. Com mãe e pai artistas plásticos, em entrevistas, citam repetidas vezes como a liberdade de criação e o incentivo desde cedo ao pensamento crítico-artístico foi importante para o desenvolvimento do olhar que faz, hoje, o escritório e suas obras tão notáveis. A forte influência das Artes se torna clara quando olhamos para João Nitsche que é artista plástico de formação e lidera grande parte do portfólio do escritório. No site, nitsche.com.br, encontramos uma página totalmente dedicada aos projetos artísticos e na arquitetura, vemos a preocupação técnica com o uso das cores.
Residência Barra do Sahy: nessa obra é possível observar como o uso das cores é pensada como um
dos principais elementos de composição da fachada

Fonte: Nitsche Arquitetos - Sahy
A família cresceu em uma casa desenhada por Paulo Mendes que propôs espaços completamente integrados e envidraçados, que trouxeram a percepção, desde a infância, de uma vivência comunicativa e unificada que marca os projetos dos arquitetos Nitsche. Em uma entrevista dada ao arquivo de pesquisa Entre-entre, Lua Nitsche conta sobre como, ao visitar outras casas ao longo da vida, foi percebendo que a maioria das pessoas viviam em espaços compartimentados que delimitavam profundamente a forma como se relacionavam com o ambiente e as pessoas. Daí, surge a vontade de criar suas próprias ideias que estimulem uma convivência tão rica quanto a que pôde experimentar em sua casa de infância.
Em entrevista, Pedro e Lua Nitsche afirmam encarar a arquitetura como uma expressão de arte em suas inúmeras formas, e reconhecem a necessidade do olhar do Artista Plástico na composição das obras mais ousadas.
Conheça abaixo a casa de infância da família Nitsche e assista o relato da arquiteta Lua Nitsche sobre como ela foi
importante para sua formação profissional
Fonte: Moby Visita
carreira
Após a Graduação, Lua Nitsche trabalhou para André Vainer, Felipe Crescenti e Guilherme Paoliello antes de seguir com seu próprio escritório. Afirma ter aprendido olhares diferentes com cada um de acordo com suas exigências, tendo uma vivência de projeto ora mais despojada, ora mais detalhista, compondo uma formação rica e abrangente.
Conheça o trabalho do escritório André Vainer Arquitetos - Residência em Florianópolis

Fonte: André Vainer Arquitetos
Observando o trabalho dos escritórios que Lua Nitsche já trabalhou, podemos observar as influências que hoje marcam seu trabalho. O uso marcante das cores como no escritório André Vainer Arquitetos, por exemplo, e a preferência por espaços integrados, com abundância de luz e ventialação natural que se repete também no escritório Felippe Crescenti Arquitetos e Guilherme Paoliello.
Conheça o trabalho do escritório Felippe Crescenti Arquitetos - Residência no Interior de São Paulo

Fonte: Felippe Crescenti Arquitetos
Conheça o trabalho de Guilherme Paoliello - Casa Acaica

Fonte: Gui Paoliello Arquiteto


Residência Jurumirim - Nitsche Arquitetos
Fonte: Nitsche Arquitetos
Pedro Nitsche, por sua vez, trabalhou com Ruy Ohtake e no Piratininga assim que concluiu sua graduação. Aos poucos, ambos foram pegando projetos particulares separadamente, mas sempre compartilhando opiniões. Como sempre tiveram o hábito de dividir o espaço de trabalho, o escritório se formou de maneira orgânica e o negócio de cada um foi cada vez mais se integralizando conforme a clientela se expandia e suas obras ganhavam reconhecimento.
Conheça um pouco do trabalho do arquiteto Ruy Ohtake
Foi com a construção da casa Barra do Sahy que os irmãos Nitsche começaram a ganhar a visibilidade que tem hoje. Eles afirmam que a liberdade criativa que o cliente deu foi o ponto de oportunidade para que todo seu potencial fosse aplicado e explorado, sem grandes ajustes. Daí para frente o escritório ganhou inúmeras premiações nos mais diversos projetos e é hoje reconhecido como um dos mais influentes do país.

Residência Barra do Sahy - Nitsche Arquitetos
Fonte: Nitsche Arquitetos

Parcerias
O escritório Nitsche Arquitetos realizou dois projetos em parceria com Estúdio Trópico – escritório composto pelas arquitetas Carolina Bueno, Maria Cristina Martini e Suzana Barboza.
Esses projetos são:
A DESTILARIA
Uma fábrica de produção de cachaça localizada na cidade de Torrinha, em São Paulo

Fonte: Arch Daily
RESIDÊNCIA EM BARRA BONITA
Localizada em Bara Bonita, São Paulo

Fonte: Nitsche Arquitetos
projetos
Os irmãos Nitsche enxergam a arquitetura como a construção do espaço habitável, sempre em relação com a escala do ser humano, por isso, procuram no espaço qualidades que vão além do programa e de seu uso, deixando as suas obras com uma atenção especial ao contexto e ao modo de construção, o que é visível.
Além disso, é fato a atenção constante às inovações, por exemplo, no caso das técnicas e materiais construtivos, o escritório busca na industrialização dos processos e na simplificação e racionalização do projeto as bases de sua arquitetura.
Como resultado, os projetos oferecidos são carregados de complexidade em uma linguagem simples, na qual o método construtivo e o programa são facilmente lidos, mas trabalhados de forma detalhada, tendo, assim, sistemas rápidos de construção e edifícios que se relacionam com o meio ambiente a partir, também, da versatilidade de vivências que propiciam ao espaço.
Alguns projetos são:
RESIDÊNCIA EM PIRACAIA
Projeto: 2012 | Conclusão da obra: 2015 | Área construída: 1.200 m²
Prêmio abcem 2016 - As Melhores Obras em Aço - Categoria obras de pequeno porte

Fonte: Nitsche Arquitetos
PRAIA VERMELHA
Residência praia vermelha, são paulo, 2016. Área construída: 420 m²

Fonte: Nitsche Arquitetos
CASA GUARUJÁ
Projeto: 2015-2017 | conclusão da obra: 2020 | área construída: 530 m²

Fonte: Nitsche Arquitetos
SUPERCABANA +
Escritório multidisciplinar, são paulo, 2015. Área construída: 110 m²
Finalista do prêmio casa claudia, 2016

Fonte: Nitsche Arquitetos
RESIDÊNCIA JURUMIRIM

Fonte: Nitsche Arquitetos
Ficha Técnica
A Residência Jurumirim foi construída às margens de uma represa - chamada Jurumirim, que é o que dá o nome ao projeto - em Itaí, município localizado em São Paulo. De acordo com Gil Barbieri, arquiteto do Nitsche, os moradores buscavam uma casa térrea de estrutura de madeira, que valorizasse a vista da região.
O escritório Nitsche Arquitetos tem o hábito de levar sempre em conta o contexto do projeto antes de pensá-lo. Por isso, tendo em vista as grandes dimensões do terreno, foi pensado, desde o início, uma construção térrea e espraiada. Estabeleceu-se uma separação entre seus volumes com pequenos jardins, enquanto estão todos conectados por uma circulação coberta. O projeto de paisagismo de toda a casa foi assinado por André Paoliello, e tem suma importância justamente nessas transições entre os blocos.

Algo que é notório nos projetos deste escritório é a aparência da materialidade dos elementos construtivos. Na casa, cada um deles é apresentado em seu aspecto particular, de maneira que a sua função é facilmente identificada e compreendida visualmente. Dessa forma, a lógica de montagem da edificação está nítida, impressa na obra.
Cortes


Fonte: Nitsche Arquitetos
Planta

Fonte: Nitsche Arquitetos
Uma análise projetual com vista na planta deixa claro a divisão da casa em volumes separados por jardins, como supracitado. São sete blocos no total, sendo o maior deles o da sala, que é a área de convivência com cozinha e varanda com churrasqueira. Conectado a ele por um corredor de quase cinquenta metros, estão outros três blocos, com duas suítes cada. Um muro de elementos vazados acompanha todo o corredor, protegendo-o da chuva, porém permitindo a ventilação cruzada em todos os ambientes que são ligados por essa circulação.

Por meio de plataformas elevadas revestidas em granito branco Itaúnas, é possível acessar a piscina pela varanda da sala, caminhando em meio a um jardim de plantas guaimbês e capim-do-texas verde. Uma saúna encontra-se sob o solário da piscina, com vista para a represa da região.

Fonte: Nitsche Arquitetos
No lado oposto está um volume com a sala de jogos e a televisão, além de um bloco de serviços, com cozinha, área de serviço e suas dependências. Tudo isso está separado dos outros blocos pelo corredor de cerâmica vazada.
Como explicado pelos responsáveis pela obra, a planta deste projeto foi desenvolvida em uma modulação 7 x 3,5 metros, surgindo do cruzamento de dois eixos perpendiculares. Um deles é o eixo de circulação, que conecta quartos, sala integrada com cozinha e sala de televisão e jogos. O outro eixo é o dos serviços, que vai da varanda fechada da entrada, formando uma linha reta entre a garagem e a churrasqueira da outra varanda, pela qual se tem acesso à piscina.
Tendo como intenção proteger os ambientes internos da incidência solar e de insetos, foram instalados painéis camarão, com tecido perfurado de PVC (tela Soltis), que permitem ventilação.
Os arquitetos afirmam a oposição proposital entre as duas fachadas principais e opostas. Assim, enquanto a dos fundos é marcada pelo muro verde de elementos ceramicos vazados que encerra a circulação longitudinal, a fachada voltada para a represa de Jurumirim é toda fechada com caixilhos de alumínio anodizado e vidro transparente.
O escritório responsável pela obra em questão afirma sempre procurar aliar a racionalidade construtiva com a expressão estética. Para isso, utilizaram poucos revestimentos, trabalhando com os elementos de forma a revelar suas particularidades. O amplo uso de vedações em vidro tem como objetivo valorizar a vista da casa, permitir a entrada de luz e uma leitura da estrutura.
Nesse sentido, a estrutura da casa, feita de madeira laminada colada e de eucalipto, está sempre aparente, as telhas termoacústicas brancas podem ser vistas pelo lado de dentro e, com exceção das áreas molhadas, o piso de toda a casa é a própria laje estrutural de concreto. Esta laje foi trabalhada para que, depois de polida, ficasse parecida com um granilite, porém com custo inferior, já que não é preciso contrapiso nem revestimento. De modo geral, a sensação que se quer passar vem da combinação de poucos elementos construtivos e um mobiliário simples e confortável.

O processo de construção foi extenso porque, de acordo com Barbieri, os moradores são exigentes e interessados. Ainda segundo ele, isso não é visto como uma dificuldade pelo escritório, mas como um ponto positivo, tendo em vista o enriquecimento do projeto uma vez que arquitetos e clientes estão alinhados. Nesse caso, os clientes foram vistos como parceiros pelos arquitetos.
EDIFÍCIO COMERCIAL JOÃO MOURA

Fonte: Nitsche Arquitetos
Ficha Técnica

Fonte: Nitsche Arquitetos
“O principal elemento do Edifício João Moura é a própria inserção urbana.”
-Lua Nitsche
Na rua João Moura, o edifício comercial foi pensado estruturalmente para atender as necessidades do terreno e do seu entorno. Por estar localizado em um lote bastante acidentado entre duas ruas e com a presença de um lençol freático alto, o prédio praticamente não conta com o subsolo, levando dois dos três andares destinados à garagem para o nível da rua e fazendo dessa seu acesso principal.

Fonte: Nitsche Arquitetos
O projeto é uma repetição de lajes com tamanho variável que forma uma parábola de varandas que dão identidade para o edifício e o relaciona com a avenida Sumaré, novamente em decorrência de uma necessidade: o afastamento obrigatório da vila ao redor.

Fonte: Nitsche Arquitetos
Com estrutura de concreto, os pilares são dispostos internamente nas fachadas maiores e as vigas, mais achatadas e mais largas que o convencional, vencem um vão de 12 metros com concreto protendido, formando um espaço potencialmente único em cada andar.
Além do terraço, todos os andares que contam com uma varanda possuem um guarda corpo metálico. O piso varia dependendo do uso espacial, mas pode-se observar a predominância do próprio concreto, granito e um revestimento liso do concreto para a garagem.
O elemento das fachadas norte e sul são placas fórmicas TS opacas justapostas à estrutura que fazem a proteção do sol e vedação, além de janelas com caixilho metálico. Essas placas, além da utilidade, têm cores pensadas pelo João Nitsche para acompanhar e salientar o desenho dinâmico e característico da estrutura.

Fonte: Nitsche Arquitetos
O edifício conta com 13 andares no total. Além das garagens, o quarto andar é reservado para escritório, com dois espaços principais e pé direito duplo, com um mezanino metálico suspenso em um desses espaços.

Fonte: Nitsche Arquitetos
O quinto é um andar exclusivamente para convívio e descanso, dividido em um espaço externo que tem bancos e um jardim na fachada oeste e um espaço interno com cozinha e mesas. Além disso, tem acesso a rua de trás por meio de uma passarela e é o andar reconhecido como térreo pela prefeitura, na cota de 12 metros do terreno.

Fonte: Nitsche Arquitetos
A partir do sexto até o décimo segundo todos os andares se configuram em espaços únicos ou divididos em até 3 salas vazias para escritórios. Com pé direito de 2,7 metros, todos eles dispõem de pelo menos dois pares de banheiros. O elevador e as escadas estão na parte central do edifício, as escadas seguem do primeiro até o décimo terceiro andar, onde estão o terraço e um espaço para armazenamento, o elevador segue até o décimo segundo andar, último destinado a escritórios.
Fonte: Nitsche Arquitetos
Demais projetos:
Cobertura Vira Madalena: projeto: 2014 | conclusão da obra: 2017 | área construída: 629m²
Residência em Iporanga - SP: projeto: 2005 | conclusão da obra: 2006 | área construída: 364m² | 2° lugar, prêmio jovens arquitetos, iab - sp, 2007
Edifício Vila Buarque: projeto: 2019 | área construída: 5520 m²
Escola Builders: projeto: 2017-2019 | conclusão da obra: 2020 | área de reforma e ampliação 2300 m² |Paisagismo: Monica Lauretti
Residência em Barra Bonita: projeto: 2013 | conclusão da obra: 2015 | área construída: 450 m²
Residência Santana do Parnaiba: residência em santana do parnaíba, 2016 |área construída: 350 m²
Residência Barra do Sahy: residência barra do sahy, são paulo, 2002 |área construída: 190 m² |1° lugar, prêmio planeta casa, editora abril, 2004













































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