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Raffaello Berti

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 16 de jul. de 2021
  • 8 min de leitura

Arquiteto Italiano que chegou no Brasil e se tornou um dos principais expoentes da arquitetura mineira e um dos fundadores do curso de Arquitetura da UFMG.


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Figura 01: foto do Raffaello Berti

Fonte: Imagem retirada do livro "Raffaello Berti: Projeto Memória".


Vida e Carreira


Raffaello Berti nasceu na em Collesalvetti, na província de Pisa, Itália, em abril de 1900. Se formou em arquitetura em 1921 pela Real Academia de Belas Artes de Carrara, e no mesmo ano, veio para o Brasil, para a cidade do Rio de Janeiro onde trabalhou no Escritório Técnico Heitor de Melo e fez parte da equipe de planejamento da exposição internacional do centenário da independência do Brasil e, junto aos arquitetos Arquimedes Memória e Francisque Cuchet, também participou da construção do Jóquei Clube e do Hospital Gaffrée-Guinle.

Em 1929 se mudou para Belo Horizonte para trabalhar com Luiz Signorelli, onde construiu centenas de projetos, principalmente no estilo Art Déco, que incluíam hospitais, teatros, escolas, e outros, tanto na capital mineira, como em outras cidades. Signorelli foi um importante expoente da carreira de Berti, já que após a criação do CREA, arquitetos formados no exterior não poderiam assinar seus próprios projetos, portanto Luiz Signorelli assinou inúmeros de suas obras, dessa forma, não se sabe até hoje o número exato de projetos realizados por Raffaello Berti. Em 1930, junto a outros profissionais, fundou a Escola de Arquitetura da UFMG onde foi professor até 1967. Berti morreu em 1972 em Belo Horizonte e deixou na cidade mais de 500 edifícios.


Lista de projetos


Entre seus projetos mais conhecidos obras podemos citar:


Sanatório Alberto Cavalcanti - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1934

Sede da Prefeitura de Belo Horizonte - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1935

Feira Permanente de Amostras - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1935

Palácio Cristo Rei - Belo Horizonte, Minas Gerais -1937

Hospital Felício Rocho - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1937

Colégio Marconi - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1938

Santa Casa de Misericórdia - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1940

Colégio Izabela Hendrix - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1939

Minas Tênis Clube - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1940

Edifício Alcazar - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1940

Cine Metrópole - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1941

Hospital Odilon Behrens - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1941

Cine Santa Tereza - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1943

Cine México - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1943/1944

Maternidade Odete Valadares - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1944

Hospital Vera Cruz - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1944

Hospital São José - Contagem, Minas Gerais - 1945

Hotel Itatiaia - Belo Horizonte, Minas Gerais - 1948/1951


Entre seus muitos trabalhos, iremos analisar dois: a Sede Social do Minas Tênis Clube e o Hospital Santa Casa de Misericórdia


sede social Minas Tênis Clube


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Figura 02: Foto da fachada da Sede Social do Minas Tênis Clube


A Sede Social do Minas Tênis Clube foi um prédio que se destacou em sua época já que este possuía uma infraestrutura bem moderna. Ele foi erguido com uma proposta de incentivo para o esporte na capital mineira, porém, além desse significado, o edifício se tornou uma das principais referências arquitetônicas para a cidade de Belo Horizonte.

Localizado no bairro de Lourdes, numa área próxima ao Palácio da Liberdade, a Sede Social projetada por Berti e inaugurada em 1940, possui a entrada principal numa diagonal de modo a valorizar a vista do restaurante e das varandas que se abrem para o parque aquático. Na fachada, linhas puras e volumes geométricos contrastam com dois elementos curvos envidraçados, onde se encontram a biblioteca e um pequeno depósito junto à escadaria, e com as janelas com brises-soleil, elementos considerados inovadores na época.


Ficha Técnica

Local: Esquina da Rua da Bahia com Rua Antônio Aleixo - Belo Horizonte, MG

Projeto: 1940

Tipologia de Uso: Comercial

Padrão arquitetônico: Art Déco

Área construída: 600,00 m²


Análise da planta

No primeiro pavimento, quem entra na construção tem à sua esquerda a escada e o acesso para uma pequena sala, e em sua frente uma grande sala de estar e restaurante, com os bilhares à esquerda e o bar à direita onde também há um pequeno ambiente para jogos. Na extrema direita e na extrema esquerda desse salão ficam as duas grandes varandas e, quem o atravessa, se encontra num terraço com acesso à área esportiva.

Neste pavimento Berti colocou os elementos recreativos da Sede, como as mesas de bilhar e a sala de jogo e, no pavimento superior estão o salão de festas e a biblioteca, que nos leva a acreditar que seja uma área pensada para eventos mais importantes e sóbrios.


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Figura 03: Planta do primeiro pavimento do Minas Tênis Clube

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p. 102


Já no segundo pavimento, quem acaba de subir as escadas encontra os banheiros, feminino à esquerda e masculino à direita; a biblioteca também está à direita. Logo em frente está o grande salão de festas com o bar à direita e uma sala anexa à esquerda. Toda a área do interior do edifício foi trabalhada artesanalmente e o salão do primeiro piso possui madeira imbuia nas vigas do teto, nas colunas e nos balcões. O mobiliário possui desenhos geométricos com padrões indígenas, uma decoração típica do Art Déco.


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Figura 04: Planta do segundo pavimento do Minas Tênis Clube

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p. 102


Volumetria

Quanto à volumetria do edifício, a construção possui aproximadamente 600 m ², tem um formato triangular e aproveita todo o espaço do terreno na esquina em que está localizado, com a entrada voltada para o vértice. As varandas posicionadas com vista para a área de esportes foram uma boa maneira de conectar o ambiente esportivo ao social. A área em todo o entorno da construção é bastante arborizada o que contribui para o conforto ambiental no interior.


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Figura 05: Vista de satélite com medição aproximada da área da construção.

Fonte: Google Maps


Santa Casa da Misericórdia


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Figura 06: Imagem do prédio da Santa Casa.

Fonte: https://santacasabh.org.br/ver/momento_de_luz_homenagens_e_emo%C3%A7%C3%A3o.html.


A Santa Casa de Belo Horizonte existe desde a fundação da cidade, mesmo quando ainda não tinha recebido esse nome. As instalações do grupo Santa Casa eram baseadas em tendas que tinham o objetivo de atender pessoas mais carentes que chegaram para povoar a capital mineira.

Esse é o Hospital mais antigo de Minas Gerais e para a sua realização, Berti foi chamado para a criação do seu projeto, já que ele era uma das principais referências para a criação de centros hospitalares. Após sua criação, a Santa Casa se tornou um dos centros de saúde mais bem equipados da sua época, atraindo assim diversas outras instituições de saúde para o seu redor, além de algumas outras de ensino, já que esse prédio foi planejado até para as participações dos estudantes.

Esse prédio através das décadas já sofreu inúmeras ampliações e revitalizações, principalmente com a atual pandemia do Covid-19, que tentou aumentar seus números de leitos, dessa forma, mesmo com 120 anos de história, a Santa Casa continua sendo um dos principais hospitais de Belo Horizonte.

Ao final da sua construção, essa contava com 14 pavimentos, 800 leitos e atendendo todas as especialidades da época exceto a área de psiquiatria.


Ficha Técnica

Local: Belo Horizonte - MG

Projeto: Início da década de 40

Obra: 1946

Tipologia de Uso: Hospitalar

Padrão arquitetônico: Art Déco

Área construída: 32000,00 m²


Análise da planta

Apesar das plantas recuperadas do projeto da Santa Casa não terem uma qualidade tão nítida, ainda assim, podemos analisar a forma e o cuidado que foi utilizado para se planejar esse edifício. No térreo conseguimos ter a noção da predominância das formas retangulares que constituem o prédio. Além disso, conseguimos entender o longo corredor que existe no edificação, dessa forma, ele se torna um hospital bem diferente dos outros que existiam na sua época, porém toda a sua forma foi pensada em agilizar a movimentação interna.

Na planta do térreo é possível identificar as duas principais entradas do prédio, e para se chegar nelas, o terreno tem um leve desnível, isso para facilitar a acessibilidade para qualquer pessoa que precise acessar os serviços do local. Na entrada mais à direita, ela nos leva a umas das partes mais importantes do prédio que seria os blocos de elevadores e escadas, esses elementos que tornam possível a movimentação dentro da edificação.

Infelizmente, alguns detalhes dessa análise ficaram de fora devido as imagens das plantas estarem um pouco ilegíveis, porém, com um certo nível de interpretação é possível chegar a certas ideias e funções de cada cômodo, já que todas essas plantas foram feitas a mão e com um cuidado técnico impecável junto com o apoio do Melo Alvarenga e o engenheiro Jacynto Rugani.


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Figura 07: Planta do térreo

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p.144


A partir do segundo pavimento podemos notar a padronização do prédio e a sua ideia de uma movimentação verticalizada e o seu formato laminar. Esse pavimento tem acesso pelo bloco de elevadores falado anteriormente e a cada pavimento, a edificação tem um Hall principal.


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Figura 08: Planta do segundo pavimento.

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p. 144


A partir do terceiro pavimento até o décimo quarto, a estrutura de cada andar é praticamente a mesma, mudando apenas alguns detalhes. A maior diferença entre esses outros pavimentos e o segundo é o Hall redondo que traz uma função mais voltada à estética ao prédio, não trazendo nenhuma outra mudança significativa além dessa.


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Figura 09: Planta dos pavimentos posteriores.

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p. 145



Além disso, Berti separa suas plantas em duas partes para que se possa ter mais acesso aos detalhes. Essa mudança não atrapalha a interpretação, já que existe esse padrão estabelecido no interior do prédio.


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Figura 10: Planta do 4º ao 11º pavimento do bloco mais a frente.

Fonte: Imagem retirada do livro “Raffaello Berti, projeto memória". p. 145



Espacialidade e volumetria


A Santa Casa é um edifico com grandes proporções, já que esse é constituído por 14 pavimentos e além disso, por ser um projeto hospitalar, não existe maneiras de trazer grandes inovações visuais no seu exterior, porém, para tirar a aparência monótona da sua fachada Berti projeta o Hall redondo que traz essa quebra para a forma rígida do edifício.


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Figura 11: Imagem aérea da Santa Casa - BH.

Fonte: http://www.coopanestmg.com.br/blog/servico-de-anestesiologia-da-santa-casa/


A Santa Casa é bem marcada por essa forma laminar, essa sendo sua principal característica, causando uma sensação de imponência devido ao seu tamanho comparado às outras construções ao redor. Outro fator interessante de se falar sobre a edificação é sobre como ela engana os olhares de quem, pois, essa verticalização e seu formato estreito dão uma noção de ser um ambiente apertado e pequeno, porém, como foi dito antes o prédio possui 800 leitos, atende diversas especialidades, além da realização de diversos processos cirúrgicos.


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Figura 12: Unidade de tratamento intensivo no 10º andar da Santa Casa.

Fonte: https://santacasabh.org.br/ver/negociacao-1.html


Alunos

Brenda Barros

Marco Faria

Ana Tribuzi


REFERÊNCIAS


BERTI, Mario. Raffaello Berti: projeto memória. Belo Horizonte: Silma Mendes Berti/AP Cultural, 2000. p 101-102, 142-149.


CASTRIOTA, L; PASSOS, L. (1998) O “Estilo Moderno”: Arquitetura em Belo Horizonte nos anos 30 e 40


DELGADO, Lucília. SCHUFFNER, Luciana. Esporte, Trabalho e Juventude no Estado Novo: O Caso do Minas Tênis Clube. Juiz de Fora: Locus: revista de história, 2007. v. 13, n. 2, p. 215-226. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/download/20413/10833/. Acesso em: 7 jul. 2021.


JÚNIOR, Maurício. Livro resgata obra de Raffaello Berti. Boletim UFMG. Disponível em: https://www.ufmg.br/boletim/bol1275/pag8.html. Acesso em 07 jul. 2021.


PODESTÁ, Sylvio. Raffaello Berti - Projeto Memória. Disponível em: https://www.podesta.arq.br/publicacoes/livros-ap-cultural/raffaello-berti-projeto-memoria1/#jp-carousel-1137. Acesso em 7 jul. 2021


Raffaello Berti. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Raffaello_Berti. Acesso em 7 jul. 2021.


WERNECK, Gustavo. Conheça as obras projetadas por Berti em Belo Horizonte. Estado de Minas. 03 nov. 2012 Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/11/03/interna_gerais,327200/conheca-as-obras-projetadas-por-berti-em-belo-horizonte.shtml. Acesso em: 07 jul. 2021.


TRAINI, Giacomo Taddeo. DESENHAR NOVOS HORIZONTES: Raffaello Berti, o arquiteto que moldou Belo Horizonte. [S. l.: s. n.], 2020. 6 p.


MARQUES, Rita de Cássia; MARTINS, Claudia Marum Mascarenhas; SILVEIRA, Anny Jackeline Torres; FIGUEIREDO, Betania Gonçalves. A CONTRIBUIÇÃO DE RAFFAELLO BERTI PARA O PATRIMÔNIO CULTURAL DA SAÚDE EM BELO HORIZONTE. I Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - I ENANPARQ, [s. l.], 29 nov. 2010. Disponível em: http://www.anparq.org.br/dvd-enanparq/simposios/15/15-10-2-SP.pdf. Acesso em: 1 jul. 2021.



 
 
 

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