Ramos de Azevedo
- ACR 113
- 12 de mai. de 2023
- 15 min de leitura
Atualizado: 8 de jul. de 2023

HISTÓRIA
Francisco de Paula Ramos de Azevedo, conhecido por Ramos de Azevedo, foi um engenheiro-arquiteto responsável por mudar o cenário da cidade conhecida na sua época, sendo ele um dos destaques da construção civil em São Paulo. Tendo atuado em sua profissão no final do século XIX e início do século XX, seu conjunto de obras é marcado por estilos diversos, combinados com as transformações urbanísticas da capital paulistana e influenciado pelo sentimento de progresso que crescia na época.
Nascido em 8 de dezembro de 1851, em São Paulo, Ramos de Azevedo mudou logo cedo para a cidade de sua família, Campinas, onde passou a maior parte da infância. Viveu na cidade até 1869, quando se mudou para o Rio de Janeiro a fim de estudar na Escola Militar, a qual abandonou pouco depois, retornando para a cidade em que cresceu e trabalhando na construção de estradas de ferro da região. No período de 1875 até 1878, realizou o curso de engenheiro-arquiteto na Bélgica e, no ano seguinte, voltou ao Brasil para dar início às suas várias contribuições ao país ao abrir seu primeiro escritório em Campinas. Já no final do século XIX, Azevedo foi convidado pelo Governador da província de São Paulo a dar início em seus trabalhos na capital, abrindo um novo escritório e contribuindo com diversos projetos no centro da cidade.
O engenheiro-arquiteto tornou-se um dos maiores realizadores de obras do Brasil, com uso de inovações que revolucionaram o ensino e a prática da engenharia no país. Essa revolução ocorreu com o rompimento do que era feito nos últimos quatro séculos, sendo os seus edifícios marcados pelas conquistas científicas do período em que vivia, além das influências do exterior.
Ramos de Azevedo faleceu no ano de 1928, deixando um legado no país através de suas obras, as quais marcaram o período em que viveu e são responsáveis por contribuir com os conhecimentos atuais e com as novas ramificações das áreas de engenharia e arquitetura.
FORMAÇÃO
O profissional obteve seu diploma no ano de 1878, após três anos de estudos na Escola Especial de Engenharia Civil na Universidade de Gante, na Bélgica. O início de sua formação foi marcada pelos estudos na área da engenharia, tendo mudado para o curso de arquitetura após recomendações do diretor de Arquitetura da escola. Durante sua estadia no país, Azevedo também estudou na Academia de Belas Artes de Gante, garantindo uma dupla formação, o que era raro no Brasil nessa época. Graças ao seu desempenho acadêmico e talento, o engenheiro-arquiteto realizou uma demonstração de seus desenhos na Exposição Universal de Paris, até que retornou ao Brasil para dar início às suas obras no país.
INFLUÊNCIA
Juntamente com as influências recebidas pelos países de formação, Ramos de Azevedo também realizou viagens para a Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, visando aprimorar e ampliar seus conhecimentos sobre a área de atuação.
A principal cidade a receber as construções de Azevedo foi São Paulo, que, após a Proclamação da República, era considerada pouco desenvolvida e precária. Antes de sofrer as devidas melhorias, a capital paulista era marcada por falta de saneamento básico e insalubridade urbana. Por ser o centro da economia cafeeira e, juntamente com a explosão urbana sofrida na época, os barões do café foram patrocinadores do melhoramento da cidade. Dessa forma, Ramos de Azevedo foi a escolha responsável pela criação das Secretarias Públicas, tal como outros edifícios, os quais iriam ajudar a compor e desenvolver São Paulo da forma conhecida atualmente.

Fontes figuras 2 e 3: https://spcity.com.br/serie-avenida-paulista-modernos-palacetes-antigos-arranha-ceus-paulistanos-vice-versa/
CARREIRA
Francisco de Paula Ramos de Azevedo, além da sua carreira como engenheiro-arquiteto, foi uma figura destaque no Liceu de Artes e Ofício, ajudou a fundar a Escola Politécnica de São Paulo e foi diretor da mesma por onze anos, além de administrar seus escritórios, um em Campinas e outro em São Paulo, e assinar projetos que ficariam marcados pelo seu nome durante tantos anos.
Seu primeiro escritório foi criado em 1879, em Campinas, cidade em que contribuiu com a construção da Igreja Matriz, finalizada em 1883. Em 1886, foi convidado para projetar os edifícios públicos de São Paulo, conhecidos como Secretarias do Estado e, após o sucesso desses, Azevedo criou seu escritório na capital paulista, respondendo por alguns dos maiores projetos arquitetônicos da cidade do século XIX e XX. Além disso, foi responsável por diversos prédios da Belle Époque Paulistana, além de hospitais, asilos, escolas, laboratórios e institutos que carregam influências do engenheiro-arquiteto. Com a importância da economia cafeeira da época, Azevedo também obteve destaque na construção de casarões dos barões do café.
Devido ao seu prestígio na área de construções, Ramos passou a assinar diversos projetos, sendo eles de sua autoria ou não. Do início de sua carreira, em Campinas, até após sua morte, em que seu escritório de São Paulo foi administrado por Ricardo Severo e Arnaldo Villares, somam-se cerca de 4.500 obras na capital paulista e em outros estados brasileiros. Seu escritório chegou a empregar cerca de 500 funcionários durante os períodos de maior atuação.
Por ser uma época e uma área de atuação em que os fornecedores de materiais assumiram um grande papel, Ramos de Azevedo visava ser seu próprio fornecedor, investindo em frentes de negócio e demonstrando interesse pela exploração de cal, mármores, granitos e madeira.
Dessa forma, sua carreira é formada por duas vias principais que se complementam: a de engenheiro-arquiteto e a de docente na Escola Politécnica de São Paulo. Ramos assumiu tanto o cargo de professor quanto o de diretor, sempre visando transmitir seus conhecimentos e aprimorar a sociedade. Além disso, tornou-se senador estadual em 1904, mas exerceu o cargo apenas por um ano e meio, por discordar da política de protecionismo do café.

Fontes figura 4 e 5: https://arquivo.arq.br/profissionais/ramos-de-azevedo#&gid=1&pid=7

lista de projetos
Os projetos de Ramos de Azevedo constituem grande parte dos principais edifícios públicos de São Paulo, além de residenciais da elite da cidade. Ao acompanhar a reforma urbana paulistana, seu escritório desenvolveu diversos projetos novos e reformas de outros espaços a fim de garantir os interesses da sociedade da época, tal como acompanhar o desenvolvimento da arquitetura que ocorria em todo o mundo. Sua lista de obras possui tanto edifícios que se mantêm, até os dias atuais, na forma como foi desenvolvido por Azevedo, quanto outros que passaram por reformas ou mudaram seu tipo de uso, além de alguns projetos que foram demolidos. Algumas de suas principais obras estão listadas abaixo, juntamente com as datas de desenvolvimento e construção:
1881-1891: Prédio da Tesouraria da Fazenda, hoje Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo;
1890-1894: Escola Normal de Campos, hoje Secretaria da Educação do Estado de São Paulo;
1891: Residência Ramos de Azevedo, a qual era de uso residencial e atualmente assume função institucional.;
1892: Palacete José de Lacerda Soares, o qual foi demolido.
1893-1896: Residência José Paulino Nogueira, demolido em 1977;
1893-1895: Grupo Escolar Prudente Morais, ou Escola Modelo da Luz, também demolido;
1895-1899: Edifício de Paula Souza, também conhecido como Escola Politécnica;
1896-1900: Liceu de Artes e Ofícios, que sofreu intervenção e hoje é Pinacoteca do Estado;
1898: Hospital psiquiátrico do Juqueri
1903-1911: Teatro Municipal de São Paulo, em colaboração com Domiciano Rossi e Cláudio Rossi;
1907-1920: Edifício Ramos de Azevedo;
1910: Palácio das Indústrias, tendo início na construção em 1911 e inaugurado em 1924;
1911: Palácio da Justiça, o qual foi parcialmente inaugurado apenas em 1933;
1919-1924: Instituto Oscar Freire;
1919-1923: Palácio dos Correios, o qual foi sede do Hospital Militar, passando pelas reformas de Azevedo para tornar-se o Palácio dos Correios.
1920-1924: Edifício Lutétia;
1922: Edifício Casa Palmares;
1925: Palacete Horácio Espindola e Narcisa Ferraz do Amaral Espíndola, o qual já foi demolido;
1926-1930: Faculdade de Medicina da USP, realizado com a colaboração de Ernesto de Souza Campos e Rezende Puech;
1935: Casa das Rosas;
etc.

Fontes figuras 6 e 7: https://vejasp.abril.com.br/cidades/casarao-residencia-ramos-de-azevedo


Fontes figuras 8 e 9: https://arquivo.arq.br/projetos/edificio-ramos-de-azevedo

PARCERIAS
Por ter contribuído pessoalmente com o movimento de renovação urbana de São Paulo, assim como por ter um escritório tão influente, Ramos de Azevedo realizou parcerias com outros profissionais durante sua vida e carreira. Alguns deles são citados logo abaixo:
Alexandre Albuquerque;
Antônio Francisco de Paula Souza;
Arnaldo Dumont Villares;
Cláudio Rossi, que contribuiu com o Theatro Municipal de São Paulo;
Domiziano Rossi, parceiro em projetos como o Theatro Municipal, a Pinacoteca de São Paulo e o Instituto Oscar Freire;
Felisberto Ranzini, o qual contribuiu com o projeto do Mercado Municipal de São Paulo;
Flávio de Carvalho;
George Krug;
Guilherme Krug;
Luiz Ignácio de Anhaia Mello;
Maximilian Hehl;
Ricardo severo;
Victor Dubugras;
etc.

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
Em 1898, a cidade de São Paulo perdeu uma de suas mais marcantes casas de espetáculo do século XIX. O Theatro São José, inaugurado em 4 de setembro de 1864 no Largo São Gonçalo, foi destruído por um incêndio no dia 15 de fevereiro de 1898. Após o ocorrido, um novo local foi construído próximo ao Viaduto do Chá, já no início do século XX, em sua homenagem. O Novo São José, projetado pelo arquiteto Carlos Eckman, foi inaugurado em 1909, e permaneceu em funcionamento até a década de 20, sendo posteriormente demolido para uma nova construção.
Ao mesmo tempo, iniciou-se a ideia de um novo e grandioso teatro influenciado pelas construções da Europa, despertando uma vontade geral da elite paulistana. Com isso, o Estado foi incumbido da escolha de um terreno para o que viria a ser o Theatro Municipal de São Paulo, definindo-o na rua Itapetininga, e adquirindo-o em 1902.
O desenvolvimento de um projeto foi rápido, obtendo apoio do Presidente do Estado, Conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves, e do Prefeito de São Paulo, Conselheiro Antônio Prado. A responsabilidade pelas plantas e orçamentos do projeto desse patrimônio histórico ficou com os arquitetos italianos Domiziano Rossi e Claudio Rossi, mas, principalmente, com o brasileiro F. P. Ramos de Azevedo, o qual também foi diretor da obra.
Em 25 de abril de 1903, foi implementada a lei nº 643, que autorizava a construção do novo teatro no terreno cedido pelo Estado, com as plantas e os orçamentos desenvolvidos pelos arquitetos citados. Assim, em 26 de junho de 1903, foram colocadas as primeiras pedras no local, iniciando a construção, que duraria 8 anos, do símbolo de renascimento da capital, inaugurado dois anos após o novo Teatro São José.

Fontes figuras 11 e 12: https://www.saopauloinfoco.com.br/wp-content/uploads/2015/01/1900-Teatro-S%C3%A3o-Jos%C3%A9-localizado-na-cabeceira-do-Viaduto-do-Ch%C3%A1.jpg

Ficha técnica:
Localização: São Paulo – SP;
Endereço: Praça Ramos de Azevedo, s/n, Sé - São Paulo, SP;
Tipologia de Uso: Instituição Cultural;
Período de Execução: 05/06/1903 até 30/08/1911;
Inauguração: 11/09/1911;
Padrão Arquitetônico: Estilo Eclético;
Tombamento: 23/12/1981;
Projeto de Arquitetura: F. P. Ramos de Azevedo, Domiziano Rossi e Claudio Rossi;
Direção: F. P. Ramos de Azevedo;
Auxiliares técnicos: Adolfo Borione e Alexandre Boemer.
Análise do entorno
O local escolhido para a construção do Theatro foi a quadra entre as ruas Barão de Itapetininga, Formosa, Conselheiro Crispiniano e São João, na região de São Paulo, que era denominada como Novo Centro. A escolha desse lugar criou uma dualidade na região, pois ali do lado havia o Centro Velho, chamado de Triângulo, uma área altamente adensada e muito movimentada, mas que não tinha estrutura para a construção do Theatro, pois os lotes eram típicos do período colonial, estreitos na largura e extensos no comprimento, e não havia praças públicas, que são ambientes favoráveis para instalação de teatros monumentais. Já o Centro Novo, além de possuir muitas áreas vazias, também tinha o Largo dos Curros, que depois de 1889 deu origem à praça da República. Ao mesmo tempo, essa nova região se localizava muito próxima ao Triângulo, separada dele apenas pelo Vale do Ribeirão Anhangabaú, obstáculo que foi vencido com a construção do viaduto do Chá em 1892.

Fontes figuras 13 e 14: https://theatromunicipal.org.br/pt-br/theatro-municipal/

O Vale do Anhangabaú era um local que mantinha vestígios de antigas chácaras, com os fundos voltados para o Ribeirão Anhangabaú, onde se plantava verduras, legumes e frutas. Desse modo, o Vale era considerado o “quintal dos fundos” do Triângulo e do Morro do Chá. A região mantinha seu caráter rural, e por isso a fachada frontal do edifício não está voltada nem para a praça Ramos de Azevedo, nem para o Vale do Anhangabaú. Além disso, quando o Theatro foi projetado, ele se encontrava em situação de domínio, dada a amplitude do edifício e a pouca horizontalidade da vizinhança. Porém, com o passar dos anos, o Theatro Municipal foi perdendo seu destaque, e foi sufocado pelos prédios mais altos que surgiram no entorno. Desse modo, a percepção de suas fachadas foi dificultada, com exceção da vista lateral, voltada para a praça Ramos de Azevedo, que se tornou a única passível de ser olhada à distância em sua totalidade, se tornando assim a de maior destaque, e que melhor representa o Theatro atualmente.

Fontes figuras 15 e 16:

Análise da obra
O Theatro ocupa uma área de aproximadamente 3600 metros quadrados, tem perímetro retangular, e o seu maior comprimento é de aproximadamente 86 metros e o menor é de 42 metros.
Já quanto aos volumes, o teatro é composto por sequências de blocos retangulares na horizontal que dividem a construção em três corpos, cada um cumpre uma função distinta. O primeiro corpo é o da fachada e é mais rebaixado que os outros.

Fonte: SketchUp
Legenda:
Corpo da Fachada;
Corpo Central;
Corpo da fachada
O segundo corpo é o da parte central e é mais elevado, ele abrange toda a plateia em formato de ferradura, além de corredores e galerias. Na parte superior desse corpo, há uma cúpula cônica que dá uma maior monumentalidade para a obra. O terceiro corpo, ou corpo posterior, é um retângulo também elevado, que abrange o palco com suas galerias laterais e camarins. A elevação desse corpo é importante para o palco, onde sobem e descem cenários e todo equipamento necessário para a realização das apresentações. Ademais, em vez de uma cúpula na cobertura, há um prisma triangular, o que dá uma certa dinâmica quando se observa o conjunto das coberturas dos três corpos da obra.

Quanto as principais dimensões da obra:
Corredores com 2,80 m de largura.
Salão de festas ou FOYER de dimensões de 30x8 m e altura de 12m.
Palco com altura 32 m.
Sala de espetáculos com altura 20 m.
Altura total até o topo do lanternim 40m.
Demais andares 3,0 m de altura em média.

Fonte: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3144/tde-31122015-112953/publico/Dissertacao_Soraya.pdf
O Theatro Municipal é composto por sete pavimentos principais, sendo um subterrâneo, que se destina às galerias, câmaras e mecanismos de ventilação. Os outros seis pavimentos correspondem aos planos e ordens das alas de espectadores, e ainda há um pavimento alto no interior da cúpula central.
No primeiro pavimento, logo na entrada do Theatro, há o corpo da fachada. Nele, há um saguão central, com a bilheteria do lado esquerdo e um bar e restaurante do lado direito, além de uma sala de administração. Logo à frente, há uma escada nobre, a qual dá acesso ao salão nobre, no segundo pavimento, e uma escada secundária, dando acesso a todas as outras ordens.
Em seguida, no próximo corpo do Theatro ficam a sala de espetáculos e a plateia, além das galerias laterais e das quatro escadas em cada canto, que dão acesso a todos os andares. Há também um fosso para abrigar orquestras logo à frente do palco. Já o segundo pavimento deste corpo, é principalmente formado por camarins.
O terceiro pavimento é o andar nobre, formado por camarotes com vestiários, gabinetes e salões privativos, destinados aos governantes e políticos do estado. Esses camarotes tinham comunicação independente com o exterior do edifício, além de acesso ao grande salão de festas.
No quinto pavimento há dois camarotes menos sofisticados, e no sexto há os camarotes de palcos (ou torrilhas). Por último, o sétimo pavimento possui uma única sala sobre o auditório, em que o contorno é adaptado à cúpula central. Ela se liga ao quinto pavimento por uma escada, e recebe luz pelo lanternim superior da cúpula.
Já no corpo posterior do teatro, é avistado o grande palco, com suas coxias laterais e os camarins logo atrás.
Como o Theatro Municipal de São Paulo foi inspirado na Ópera de Paris, ele trazia preceitos da sociedade francesa. Havia uma ideia de que a arte e a sociedade formavam uma unidade inseparável, mais que uma apresentação artística, era também uma apresentação da sociedade. Com a preocupação em espaços sociais, a entrada do teatro não é apenas uma bilheteria, mas sim um ambiente receptivo que compreende o primeiro corpo da construção, onde há um foyer e restaurantes. Desse modo, o Theatro Municipal tinha pelo menos três usos: a de casa de espetáculos, a de monumento público e a de ponto de encontro e salão para bailes e banquetes.
A plateia é hierarquizada, havendo camarotes na parte superior, sendo os do terceiro andar os mais nobres. Nele, há dois camarotes com 10 lugares cada, com vestiários, gabinetes e salões privativos, destinados aos governantes e políticos do estado. Esses camarotes tinham mobiliário especial e comunicação independente com o exterior do edifício. Além disso, nesse andar ainda há um bar, um salão de chá, e acesso ao grande salão de festas, o espaço mais luxuoso do edifício, o qual foi projetado para recepção de pessoas ilustres e autoridades.

Fonte: SEVERO, R. Monographia do Theatro Municipal de São Paulo publicada no dia da inauguração XI - Setembro – MXMXI. São Paulo: Impressão e Composição das Officinas de Pocai & Weiss, 1911.
Ao longo de seu perímetro, o teatro é marcado por diferentes elementos construtivos e de ornamentação. Assim, com combinações simétricas, seguindo o estilo escolhido para sua construção, a presença de terraços, pilastras, pórticos e corpos avançados trazem movimentação para o edifício. Além disso, seus elementos decorativos, como os monumentos, trazem um ritmo para a obra.
Aspectos inovadores
Mesmo com sua arquitetura grandiosa, a construção do Theatro Municipal não teve grandes inovações, já que foi muito inspirada em teatros preexistentes, principalmente da França. Porém, pode-se dizer que a obra fez uso das novas técnicas da época, como a alvenaria em tijolos, vigas em ferro, as quais sustentam a cobertura e a cúpula, e a estrutura em concreto armado. Aliás, o uso de novos materiais, como o mármore e o gesso, também marcou a parte interna do edifício. Junto a eles, como elementos decorativos, fez-se emprego de diversos mosaicos e arcos ornamentados, além de altos-relevos e pinturas em ouro.

MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
O Mercado Municipal de São Paulo se localiza na quadra delimitada pelas ruas da Cantareira, Comendador Assad Abdalla, Mercúrio e Avenida do Estado, uma vez que a rede ferroviária e o Rio Tamanduateí estão nas proximidades, o que facilitava o transporte de mercadorias, no Centro Histórico de São Paulo. Inaugurado em 25 de janeiro de 1933 (aniversário de São Paulo), o mercado teve um papel inusitado durante a “Revolução de 1932”, quando foi utilizado como depósito de armamento, apesar de esse não ter sido o papel designado à construção. O projeto do mercado foi realizado pelo escritório Ramos de Azevedo (1851-1928) enquanto as fachadas foram desenhadas por Felisberto Ranzini (1881-1976), seguindo o estilo eclético.
O local, hoje em dia, abriga aproximadamente 300 boxes comerciais e atrai cerca de 50 mil visitantes a cada semana, que compõem, de maneira geral, um público composto por amantes da gastronomia, consumidores diversos e, principalmente, turistas.


A construção do mercado foi iniciada em 1928 e durou 5 anos, finalizada assim em 25 de janeiro de 1933. Ela foi pensada para substituir o antigo mercado do século XIX, que ficava na Rua 25 de Março. Sua arquitetura foi desenvolvida com o intuito de se tornar um marco histórico na famosa metrópole do café.
Fontes figuras 21 e 22: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento/seguranca_alimentar/mercado_paulistano/index.php?p=151237
Em 2004 o Mercado Municipal foi restaurado, sendo acrescentado a ele um mezanino onde seriam abrigados diferentes restaurantes. A modificação do edifício foi planejada pelo escritório PPMS Arquitetos Associados, que buscou manter a integridade do edifício, uma vez que esse se trata de um monumento histórico e patrimônio cultural da capital. A reforma ocorreu graças à Ação Centro, que foi um programa realizado pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), que tinha o intuito de promover a melhoria e a revalorização dos bairros centrais de São Paulo.
A obra, além de deter um significativo valor histórico e arquitetônico, também se destaca como pólo cultural e turístico da cidade de São Paulo. Sua arquitetura é inspirada na do Mercado Central de Berlim e apresenta um estilo eclético com inspiração neoclássica.
Ficha técnica:
Nome oficial: Mercado Municipal Paulistano;
Localização: Centro Histórico de São Paulo;
Endereço: Rua Cantareira, 306, Centro Histórico - São Palo, SP;
Tipologia de Uso: Comércio e Serviços;
Inauguração: 25 de janeiro de 1933;
Padrão Arquitetônico: Eclético;
Projeto de Arquitetura: Escritório Ramos de Azevedo;
Descrição técnica: Estrutura de concreto armado; a cobertura possui sistema de lanternins metálicos, fornecendo iluminação natural, com grandes vitrais realizados pelo artista alemão Conrado Sogernicht, representando a economia e agricultura paulista; a fachada possui atributos da arquitetura neoclássica;
Materiais predominantes: Aço, Concreto e Vidro;
Reabilitação: PPMS Arquitetos 2003 / 2004;
Análise da obra
Essa edificação foi construída em uma área de 12.600 metros quadrados, com pé direito de 16 metros de altura e um acabamento refinado. Além disso, ela foi planejada para ter um bom aproveitamento da iluminação natural, utilizando claraboias e telhas de vidro.

Fonte das figuras 23 a 26: https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/03.036/2259




Uma de suas características marcantes é a presença de 55 vitrais criados pelo artista alemão Conrado Sorgenicht Filho, fundador da maior empresa de vitrais do Brasil, a Casa Conrado. Ademais, o espaço é iluminado naturalmente por clarabóias, preenchendo o ambiente com luz e cor.
Após a reforma de 2004, a nova estrutura do mercado, orçada em 24 milhões de reais, consiste em um mezanino metálico de 2.000 metros quadrados revestido com piso de madeira e vidro. Por estar mais elevado dentro do ambiente, ele possui vista da maior parte do interior do mercado e mais próxima dos vitrais feitos por Conrado. Além da implantação do mezanino, o subsolo foi ampliado para ali serem realizados serviços e atendimentos aos consumidores e funcionários.

REFERÊNCIAS
ARQUIVO.ARQ. Ramos de Azevedo. Arquivo.arq.br, s.l., s.d. Disponível em: https://arquivo.arq.br/profissionais/ramos-de-azevedo. Acesso em: 11 abril 2023.
ARTE E CULTURA ANHEMBI. Teatro Municipal: história. Medium, [S.l.], 21 nov. 2017. Disponível em: https://medium.com/@arteeculturaanhembi/teatro-municipal-hist%C3%B3ria-4b225ce44f1d. Acesso em: 11 abr. 2023.
AVENTURAS NA HISTÓRIA. Ramos de Azevedo, o arquiteto do progresso. Aventuras na História, São Paulo, 21 fev. 2018. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/civilizacoes/ramos-de-azevedo.phtml. Acesso em: 11 abril 2023.
CASA DAS ROSAS. Institucional. Casa das Rosas, São Paulo, s.d. Disponível em: https://www.casadasrosas.org.br/institucional/. Acesso em: 11 mai. 2023.
CONDEPHAAT. Teatro Municipal de São Paulo. Condephaat, [S.l.], [s.d.]. Disponível em: http://condephaat.sp.gov.br/benstombados/teatro-municipal-de-sao-paulo/. Acesso em: 11 abr. 2023.
FAU USP. Créditos. Arquicultura, [S.l.], [s.d.]. Disponível em: http://www.arquicultura.fau.usp.br/index.php/credito. Acesso em: 14 abr. 2023.
FEA-USP. Ramos de Azevedo. Pioneiros FEA, São Paulo, s.d. Disponível em: https://pioneiros.fea.usp.br/ramos-de-azevedo/. Acesso em: 11 abril 2023.
GALERIA DA ARQUITETURA. 5 obras marcantes do arquiteto Ramos de Azevedo. Disponível em: https://blog.galeriadaarquitetura.com.br/post/5-obras-marcantes-do-arquiteto-ramos-de-azevedo. Acesso em: 11 abril 2023.
GUIA DAS ARTES. Francisco de Paula Ramos de Azevedo – Obras e Biografia. Guia das Artes, São Paulo, s.d. Disponível em: https://www.guiadasartes.com.br/francisco-de-paula-ramos-de-azevedo/obras-e-biografia. Acesso em: 11 abril 2023.
IAU-USP. Palácio das Indústrias. Arquitalianasaopaulo, São Paulo, s.d. Disponível em: https://arquitalianasaopaulo.iau.usp.br/obras/palacio-das-industrias/. Acesso em: 11 mai. 2023.
KATCHVARTANIAN, Soraya Arida. Teatro Municipal de São Paulo: histórico de projetos e análise da estrutura. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. URI: http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/1853. Acesso em: 2023-04-13.
KHAN ACADEMY. Pattern, repetition and rhythm, variety and unity. Khan Academy, [S.l.], [s.d.]. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/humanities/approaches-to-art-history/looking-at-art2/principles-of-composition/a/pattern-repetition-and-rhythm-variety-and-unity#:~:text=Ritmo%20%C3%A9%20o%20andamento%20visual,um%20tom%20uniforme%20ao%20edif%C3%ADcio. Acesso em: 15 abr. 2023.
MEMORIAL DA RESISTÊNCIA DE SÃO PAULO. Hospital Psiquiátrico do Juqueri e Manicômio Judiciário. Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo, s.d. Disponível em: http://memorialdaresistenciasp.org.br/lugares/hospital-psiquiatrico-do-juqueri-e-manicomio-judiciario/#:~:text=Projetado%20por%20Ramos%20de%20Azevedo,atingia%20seu%20%C3%A1pice%20no%20s%C3%A9c. Acesso em: 11 mai. 2023.
PPMS ARQUITETOS ASSOCIADOS. Mercado Municipal de São Paulo. Galeria da Arquitetura, Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/ppms-arquitetos-associados_/mercado-municipal-de-sao-paulo/585. Acesso em: 14 abr. 2023.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Mercado Paulistano. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento/seguranca_alimentar/mercado_paulistano/index.php?p=151237. Acesso em: 11 abril 2023.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Theatro Municipal. Prefeitura de São Paulo, [S.l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/fundacao_theatro_municipal/theatro_municipal/index.php#:~:text=Tem%20%C3%A1rea%20total%20constru%C3%ADda%20de,a%20grade%20de%20atividades%20espec%C3%ADficas. Acesso em: 14 abr. 2023.
SÃO PAULO INFOCO. Palácio dos Correios. São Paulo Infoco, São Paulo, 19 out. 2021. Disponível em: https://www.saopauloinfoco.com.br/palacio-dos-correios/. Acesso em: 11 mai. 2023.
SATO, Eduardo Tadafumi. Mário de Andrade n'A Gazeta (1918-1919): um "plumitivo incipiente"?. 2016. Dissertação (Mestrado em Culturas e Identidades Brasileiras) - Instituto de Estudos Brasileiros, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Acesso em: 2023-04-13.
SEVERO, R. Monographia do Theatro Municipal de São Paulo publicada no dia da inauguração XI - Setembro – MXMXI. São Paulo: Impressão e Composição das Officinas de Pocai & Weiss, 1911.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Palácio da Justiça. TJSP Memória, São Paulo, s.d. Disponível em: https://www.tjsp.jus.br/Memoria/PalacioJustica/PalacioJustica#:~:text=Em%2024%20de%20fevereiro%20de,ministro%20Manoel%20da%20Costa%20Manso. Acesso em: 11 mai. 2023.
UOL Educação. Biografias - Ramos de Azevedo. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/biografias/ramos-de-azevedo.htm. Acesso em: 11 abril 2023.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Arte contemporânea: o pós-modernismo. Avaad UFSC, [S.l.], 2010. Disponível em:http://www.avaad.ufsc.br/moodle/mod/hiperbook/popup.php?id=1163&target_navigation_chapter=1878&groupid=. Acesso em: 15 abr. 2023.





Comentários