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Sylvio de Vasconcellos

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 21 de out. de 2023
  • 14 min de leitura

Atualizado: 11 de dez. de 2023


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ACR113 - ARQUITETURA BRASILEIRA

DOCENTE - MATEUS ROSADA

ALUNOS - CAMILA GUERRA E LEONARDO WSR SILVA





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Sylvio Carvalho de Vasconcellos, nasceu em Belo Horizonte, em 14 de Outubro de 1916, no seio de uma das famílias mais tradicionais de Minas Gerais, os Pereiras de Vasconcellos. Seu pai, o funcionário público e historiador Salomão de Vasconcellos, e seu avô, Diogo Luís de Almeida Pereira de Vasconcellos, que foi deputado geral do Império, e, na República, presidente da câmara de vereadores de Ouro Preto, além de influente historiador, são alguns dos exemplos dos familiares de Sylvio de Vasconcellos, dentre os quais também figura seu sobrinho Celso de Vasconcellos Pinheiro, arquiteto e urbanista, e ex-reitor da UFMG. Dessa forma, a família Vasconcellos, seja na política ou na produção intelectual, veio, desde o início do século XIX, desempenhando papéis de destaque no cenário mineiro. Sylvio de Vasconcellos, não obstante, seguindo a tradição familiar, foi elevado à condição de figura pública em Minas Gerais devido a seus grandes trabalhos culturais como arquiteto, urbanista, professor, crítico da arte, estudioso e historiador da arquitetura mineira, cronista, e, por fim, como gestor do patrimônio histórico mineiro.

Antes de iniciar sua carreira universitária, Sylvio de Vasconcellos frequentou algumas tradicionais escolas mineiras, como o Jardim de Infância Delfim Moreira, o Grupo Escolar Afonso Pena, o Colégio Arnaldo, o Ginásio Mineiro (Barbacena), o Ginásio Santo Antônio (São João Del Rei) e o Ginásio de Sete Lagoas. Apenas aos seus 24 anos que buscou formação superior e ingressou na Escola de Arquitetura de Belo Horizonte, mesmo que esse não tenha sido seu primeiro contato com o estudo arquitetônico, uma vez que já havia trabalhado no IPHAN a convite de Rodrigo de Mello Franco de Andrade. Dessa forma, em 1940, Sylvio de Vasconcellos entra como aluno na EA, após 10 anos de sua fundação, e forma-se em 1944 como arquiteto, aliás, obtendo medalha de ouro pelas suas médias excepcionais, recebida diretamente pelo paraninfo Juscelino Kubitschek.

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Em 1929, e em 1936 Le Corbusier passa pelo Brasil, e com ele, toda sua bagagem e influências arquitetônicas. Em 1942, o conjunto arquitetônico modernista da Pampulha, projetado por Oscar Niemeyer, a convite de Kubitschek, instalava-se em Belo Horizonte, e tornava-se parâmetro e referência para os formandos da EA. Assim sendo, quando esses alunos voltaram à instituição para lecionar, o perfil da escola começou a mudar. Foram eles: Shakespeare Gomes, Raphael Hardy Filho, Eduardo Mendes Guimarães, e Sylvio Vasconcellos. Naturalmente, houve conflito de ideias e filosofias referentes ao ensino e à estética arquitetônica entre os fundadores e os ex-alunos, e foi nesse contexto que Sylvio de Vasconcellos entrou para o corpo docente da EA, em 1948, lecionando “Arquitetura Brasileira”.

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Em 1952, concluiu o curso de Urbanismo, não se sabe onde, adquirindo nova medalha de ouro, e em 1953, aos 37 anos, tomou posse do cargo de professor catedrático da Escola de Arquitetura, tendo como tema de sua tese a arquitetura residencial em Ouro Preto. Enquanto professor, inovou no método de avaliação dos alunos, incentivando suas concepções autorais e promovendo aulas práticas como parte do ensino, sendo reconhecido como um dos professores mais competentes em retrospectiva. Usou essa oportunidade também como pesquisador, abrangendo a área do patrimônio histórico e as artes. Contudo, não se limitou a isso.

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Diante do problema da carência de livros-textos disponíveis aos alunos, encabeçou a criação do serviço de foto-documentação e da gráfica da escola, em 1960, ao assumir o cargo de Supervisor da Seção de Pesquisas da Escola de Arquitetura, serviços estes elogiados e notórios no meio acadêmico brasileiro.

Sua dedicação à escola e aos alunos culminou na posse do cargo de diretor da instituição entre 1963 e 1964, gestão marcada pelo desenvolvimento de inúmeras pesquisas e estudos sobre estética e história da arquitetura das cidades mineiras. Entretanto, sua permanência no cargo foi interrompida em 1968, pelo golpe militar.

Desde 1962, Sylvio Vasconcellos e outros professores da Escola de Arquitetura estavam sendo investigados pelo governo sob suspeita de “esquerdismo”. No caso específico de Sylvio de Vasconcellos, essas suspeitas foram alimentadas por uma denúncia enviada no dia 4 de abril de 1964, assinada pelo Diretório Acadêmico da Escola de Arquitetura, contendo acusações absurdas e carentes de comprovação. Renato Rocha Lima, amigo íntimo de Sylvio de Vasconcellos, afirma que ele nunca se envolveu com questões político-partidárias, e afirma também que as acusações foram feitas por um professor da EA que se aproveitou do clima geopolítico para afastar Sylvio de Vasconcellos da academia. Celina Borges, professora da EA, diz o seguinte sobre o assunto: “invejosos e falsos amigos o denunciaram como pessoa perigosa para os rumos da nação. Na verdade, era proibido ser tão brilhante na época”. Por causa disso, enquanto esteve afastado, foi lecionar na universidade do Chile, até que retornou novamente para a EA, apenas para ser aposentado compulsoriamente em 1969. Essa foi a gota d’água para Sylvio de Vasconcellos, que, infelizmente para a instituição que ele se dedicou a anos, a qual perdeu também grande parte de sua estrutura de ensino devido ao golpe militar, optou pelo autoexílio, indo para os Estados Unidos, onde permaneceu até falecer, em 1979, em Washington DC.



ACERVO INTELECTUAL


A produção intelectual de Sylvio de Vasconcellos, iniciada em fins de 1940, e concluída por volta de 1970, se distribui entre textos de histórias da arte, da arquitetura e do urbanismo, críticas e manifestos modernistas, crônicas sobre o cotidiano e textos sobre o patrimônio. Por eles se comunicava academicamente e popularmente, atingindo públicos variados com a clareza de seus questionamentos e diálogos.

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Essa enorme lista bibliográfica de todo o material que produziu, de vasto e diversificado conhecimento, permitiu levá-lo à presidência do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), seção Minas Gerais; ao Instituto Histórico Geográfico de Minas Gerais (IHG-MG), ao conselho e à curadoria do Museu de Arte de São Paulo (MASP), à Associação de Críticos da Arte e à direção do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (ICBEU). Como atestado de seu reconhecimento, não apenas nacional, entre 1964 e 1965 foi arquiteto-associado ao Serviço de Planejamento Territorial da França, e em 1966 exerceu no Chile o cargo de Chefe da Unidade de Urbanismo do Centro de Desenvolvimento Econômico e Social para a América Latina. E quando radicado nos EUA, entre 1971 e 1973, atuou como Especialista em desenvolvimento urbano nas Organizações dos Estados Americanos (OEA), em Washington e na Cidade do México, além de consultor para assuntos de cultura brasileira, preservação do patrimônio artístico e histórico e desenvolvimento urbano. Além, é claro, de ter sido exímio gestor do IPHAN.


Livros escritos:

⦁ 1951 - Vila Rica: Formação e Desenvolvimento. BH: Instituto Nacional do Livro;

⦁ 1957 - Arquitetura Colonial Mineira;

⦁ 1957 - Notas Sobre Arquitetura. BH: Editora Universitária;

⦁ 1959 - Arquitetura no Brasil. Sistemas Construtivos. BH: Editora Universitária;

⦁ 1959 - Pinturas Mineiras e Outros Temas;

⦁ 1959 - Formação das Cidades da Região Aurífera Brasileira. BH: Editora Universitária;

⦁ 1960 - Arquitetura, dois temas. Porto Alegre: Instituto do Livro;

⦁ 1961 - Vocabulário Arquitetônico. BH: Editora Universitária;

⦁ 1964 - Capela de Nossa Senhora do Ó;

⦁ 1968 - Mineiridade: ensaio de caracterização. BH: Imprensa Oficial;

⦁ 1968 - Noções sobre Arquitetura;

⦁ 1969 - Minas, Cidades Barrocas. SP: Universidade de São Paulo;

⦁ 1979 - Vida e Obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho;

⦁ 1979 - Crônicas do Exílio. BH:[S.l.]: Littera Maciel, [19- ];

⦁ 1983 - Arquitetura Dois Estudos. Goiânia: MEC/SESU/PIMEGARQ/UCG.


Artigos publicados:

⦁ Contribuição para o estudo de arquitetura civil em Minas Gerais. Revista Arquitetura e Engenharia Jul/Ago 1946 n.º 02 p. 30-35; Nov/Dez 1946 n.º 03 p. 42-49; Mai/Jun 1947 n.º 04 p. 34-38; Set/Out 1947 n.º 05 p. 5;

⦁ O barroco no Brasil. Revista América Jan/Ago 1974 n.º 01-10 p. 48-64;

⦁ Sistemas Construtivos adotados na arquitetura do Brasil. Revista Arquitetura e Engenharia, 1951 p. 01-53;

⦁ Notas sobre a arquitetura religiosa mineira. Revista Arquitetura e Engenharia Jul/Set 1951 n.º 18 Ano: III p. 41-44;

⦁ Do Avô ao neto a casa mineira mudou. Revista Minas Gerais Jul/Ago 1969 n.º 02 Ano: I p. 50-53;

⦁ Como cresce Belo Horizonte? Revista Arquitetura e Engenharia Nov/Dez 1947 n.º 06 p. 51-53;

⦁ Pequena apreciação, talvez injusta sobre Belo Horizonte. Revista Social Trabalhista 12 de dezembro de 1947 p. 16-19;

⦁ Formação urbana do arraial do Tejuco. Revista do IPHAN. 1975 n.º 18;

⦁ Arquitetura em Portugal. Revista Acrópole. Dez 1965 n.º 324 p. 32-35;

⦁ Problema habitacional: cidades industriais. Revista Acrópole Ago 1966 n.º 331 p. 42-44 -Inquérito nacional de Arquitetura. Revista Arquitetura e Engenharia Jan 1963 n.º 7 p. 33-40;

⦁ José Pedro Sá, escultor mineiro. Revista Arquitetura e Engenharia Set/Out 1952 n.º 23 p. 53-55;

⦁ Estrutura social e estrutura urbana. Revista Arquitetura Dez 1967 n.º 66 p. 14-16;

⦁ Roteiro para o estudo do barroco em Minas Gerais. Revista Arquitetura Dez 1968 n. 78 p. 14-18;

⦁ O cotidiano: arte e arquitetura. Revista Arquitetura Jan 1966 n.º 43 p. 25-26;

⦁ Urbanização da América Latina;

⦁ Marginalização. Revista Arquitetura Jun 1966 n.º 48 p. 12-13;

⦁ Residência em Belo Horizonte. Revista Arquitetura e Decoração Mar/Abr 1956 n.º 16 Ano: III p. 41-44;

⦁ Silvio sempre presente: tempos de menino na cidade. Revista Pampulha Jul/Set 1980 n.º 03 p. 44-45;

⦁ Aspectos em detalhes da arquitetura em Minas Gerais. Revista Arquitetura Dez 1964 n.º 38;

⦁ A arquitetura colonial mineira. Revista Primeiro seminário de estudos mineiros UFMG 1959;

⦁ Carta para a revista. Revista Arquitetura e Engenharia Nov/Dez 1955 n.º 14;

⦁ Residência. Revista Arquitetura e Engenharia Nov/Dez 1951 n.º 37 p. 18-21;

⦁ Crítica de arte e arquitetura. Revista Arquitetura e Decoração, 1957, n.º 40 Ano: I.


A exemplo de uma das publicações de Sylvio de Vasconcellos, segue o trecho de um de seus questionamentos de 1974, quando já estava estabelecido nos Estados Unidos:

“[...] onde estão as construções dos séculos XIX e XX? Que houve no Brasil neste período que não deixou pegada? Por que estranha razão sobreviveram os conjuntos coloniais e desapareceram todos os traços materiais dos séculos dezenove e vinte? Muito mais coisas se realizaram no Brasil, de capital importância para o futuro entre 1800 e 1950 do que nos três séculos anteriores. No entanto, babamos com o nosso barroco, persistimos em construir casas ‘coloniais’ e nenhuma atenção concedemos ao período de nosso Império e República. Nos Estados Unidos, qualquer conjunto de casas com mais de cinquenta anos de idade já é olhado com respeito. Mesmo que não inclua elementos de importância arquitetônica. O que importa é o conjunto, o aspecto geral, o testemunho de uma vida e tempo desaparecidos. Quando chegar o ano dois mil o Brasil terá diante de si esta coisa estranha: cidades coloniais de um lado, e cidades moderninhas por outro. Nada no meio. Então os brasileiros se perguntarão assustados: onde está a arquitetura que esteve aqui?“



OBRAS ARQUITETÔNICAS


Sylvio Carvalho projetou principalmente residências na cidade de Belo Horizonte. Também foi responsável pela elaboração de edifícios modernistas, dentre os quais se destacam o Edifício Mape, na Praça da Liberdade; a sede do ICBEU e a capela do Instituto Metodista Izabela Hendrix na rua da Bahia; e a sede do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFMG, atualmente funcionando como Cine Belas Artes, na rua Gonçalves Dias.

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As execuções arquitetônicas de Sylvio de Vasconcellos serão apresentadas a seguir, com a indicação do grau de proteção sugerido pela GEPH, sendo Registro Documental (RD) ou Tombamento (T). Vale notar que não foi possível encontrar o ano de construção de todas.

  1. Rua Paulo Simoni, nº 54 – Santo Antônio (RD);

  2. Rua Califórnia, 150, esq. com Buenos Aires, 363 – Sion (T);

  3. Rua Montevidéu, 643 – Sion (T);

  4. Rua Caldas, 47 – Carmo (T), de 1940;

  5. Rua Luz, 168 – Serra (T), de 1949;

  6. Rua Luz, 206 – Serra (RD);

  7. Rua Bernardo Figueiredo, nº 205 – Serra (RD);

  8. Rua Bernardo Figueiredo, nº 47 – Serra (RD);

  9. Rua Alumínio, 129 – Serra (T), de 1949;

  10. . Rua Alumínio, 145 – Serra (T);

  11. Rua Alumínio, 157 – Serra (T), de 1948;

  12. Rua Alumínio, 169 – Serra (T);

  13. Rua Alumínio, 179 – Serra (T), de 1948;

  14. Rua Camões, 123 – Serra (T);

  15. Rua Bueno Aires, 363 – Sion (T), de 1959.


Imóveis pertencentes ao Conjunto Urbano Bairro Cidade Jardim:

  1. Avenida do Contorno 7871 – Cidade Jardim (T);

  2. Rua Manoel Couto, nº 339 – Cidade Jardim (T);

  3. Rua Manoel Couto, 182 – Cidade Jardim (T);

  4. Rua Olímpio de Assis, 77 – Cidade Jardim (T), de 1947;

  5. Rua Olímpio de Assis, 333 – Cidade Jardim (T);

  6. Rua Sinval de Sá, 586 – Cidade Jardim (T);

  7. Rua Sinval de Sá, 639 – Cidade Jardim ( T);

  8. Avenida do Contorno, nº 7510 – Lourdes ( T).


Imóveis pertencentes a outros conjuntos urbanos protegidos:

  1. Rua da Bahia,1723 – ICBEU ( T), de 1968;

  2. Rua Gonçalves Dias, 1581 – antigo DCE-UFMG ( T), de 1947;

  3. Rua da Bahia – Capela Verda Farrar ( T);

  4. Rua Gonçalves Dias, 1354 – Ed. MAPE ( T);

  5. Rua Joaquim Murtinho nº 135, esq.com Quintiliano Silva - Santo Antônio ( T);

  6. Rua Bueno Brandão, 84 – Floresta ( T), de 1954.


Bens Móveis e Integrados:

  1. Monumento Aleijadinho – Campus UFMG ( T).


Imóveis demolidos:

  1. Rua Carangola, 439 – Santo Antônio;

  2. Rua Paracatu, 1161 – Santo Agostinho;

  3. Av. do Contorno, 4120 esq. com Rua Rio Doce, São Lucas – Registro Documental aprovado pelo CDPCM-BH;

  4. Rua Felipe dos Santos, entre Ruas São Paulo e Rio de Janeiro – Lourdes;

  5. Rua Antônio Aleixo, nº 200 – Lourdes;

  6. Rua Alvarenga Peixoto, 1027 – Lourdes;

  7. Rua Eduardo Porto, 502 – Cidade Jardim;

  8. Rua Eduardo Porto, 452 – Cidade Jardim;


E dentre suas concepções, duas serão escolhidas para apresentação a seguir, por possuírem material gráfico online suficiente para tal, sendo elas a residência na Rua Olímpio de Assis, número 77, e a residência na Avenida do Contorno, número 7871.





RESIDÊNCIA CAIO BENJAMIN DIAS


Local: Avenida do Contorno, 7871, Bairro Cidade Jardim, Belo Horizonte

Conclusão do projeto: 1955

Arquiteto: Sylvio de Vasconcellos

Tipologia: Residencial

Padrão arquitetônico: Modernismo


A Avenida do Contorno, depois da sua realocação entre as ruas Rio de Janeiro e Ouro Preto, durante a gestão JK foi ocupada pela população belorizontina de maior poder aquisitivo. Localizada, portanto, no bairro Cidade Jardim, um dos bairros mais nobres da cidade, seus habitantes eram majoritariamente idosos, pertencentes a uma classe socioeconômica de alto poder aquisitivo e prestígio social. Não obstante, a residência nesta avenida no número 7871 foi projetada por Sylvio de Vasconcellos para o Doutor Caio Benjamin Dias, e será objeto de exposição para este trabalho.


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Assim como os outros terrenos que dão para a Avenida do Contorno nesse trecho, esse em questão também possui uma elevação do lote em relação à rua. Ou seja, para além do muro, há a rampa da garagem que é, ao mesmo tempo, o caminho de acesso à casa. Estando o portão à esquerda, na direita está o talude devido ao desnível.


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A entrada da residência se dá atravessando um caminho de pedras ao longo da fachada frontal que termina em uma porta de correr. Esta dá acesso a uma espécie de deambulatório que leva ao escritório, à esquerda. No entanto, antigamente, consultando a planta original e imagens do passado, percebe-se que não havia essa porta de correr ou esse corredor, sendo a entrada principal, realmente, pelo escritório, diretamente.

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Não se sabe o porquê da mudança da fachada. Dessa forma, no entanto, o escritório, por sua vez, provavelmente figura-se logo ao início do percurso residencial devido à profissão do morador, servindo como um consultório dentro da casa. Adiante, na mesma parede da porta de entrada, mas na extremidade oposta, há o acesso à sala de estar, a qual abriga uma das escadas para o segundo pavimento no encontro da parede da esquerda com a frontal em relação ao observador. Mas, antes disso, à esquerda encontra-se o vão para a sala de

jantar, e, à sua direita, uma espécie de corredor que leva, pela esquerda, no seu final, à

porta dos fundos, mas antes dessa, novamente, à esquerda, primeiro ao banheiro e depois à sala de costura.

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Contudo, retornando ao entrocamento ao sair da sala de jantar, pela direita encontra-se a sala de refeições, e o depósito, na parede logo à frente da curva, localizado no espaço abaixo da escada. A entrada para a cozinha está, olhando-se da sala de refeições para o corredor, na parede à sua direita, contendo, adiante, outra saída para os fundos. Saindo pela cozinha, dá-se de encontro ao “abrigo”, espaço coberto sem paredes, com o propósito de ser um pátio ou área de recreação, sendo também por onde os empregados transitariam para trabalhar na residência. Para além do abrigo, estão a lavanderia, um quarto de criada, um banheiro e outro quarto de criada, dispostos nessa ordem da direita à esquerda, estando na esquerda, para referência, a sala de costura, e na direita, a cozinha. O “vazio” do “L” do terreno abriga uma garagem e serve também como um grande pátio, um espaço de transição e de possível socialização, por exemplo.

Retornando, enfim, para a sala de refeições, olhando-se a partir da perspectiva do corredor para ela, no encontro das paredes da esquerda e da frente do observador está a outra escada de acesso ao segundo pavimento. Esta se encontra com a da sala de estar, em um meio-nível entre pavimentos, permitindo, assim, a circulação da sala de refeições para a sala de estar, porém, no meio desse trajeto está, finalmente, o resto da escada para o andar superior.

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Em contrapartida ao primeiro andar, que possui o formato de um “L” invertido, quando visto em planta, isto é, o segundo andar se comporta espacialmente apenas sobre a sala de estar e o escritório. Subida a escada, está outra sala de estar, só que desta vez uma mais íntima para os moradores. Seguindo-se reto da escada, através da sala de estar, encontra-se a porta do dormitório do casal, uma suíte, de fato. Antes de adentrá-lo, e considerando a sala de estar um retângulo, cujas extensões mais curtas são a parede do dormitório do casal e sua paralela, virando-se à esquerda estão as portas de acesso a quatro quartos, a primeira logo no encontro entre paredes à frente do observador e a última no próximo encontro entre paredes, à esquerda. As outras duas portas estão espaçadas igualmente entre essas outras duas. Por fim, virando-se à esquerda, e olhando a parede paralela ao dormitório do casal, está o quarto de banho e a escada para o andar inferior.

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A residência Caio Benjamin Dias é muito bem organizada sob a ótica funcional e operacional dos habitantes, uma vez que o segundo andar se reserva aos moradores, e o primeiro andar se atém aos espaços de serviço e de alimentação, o primeiro aos fundos e o segundo mais centralizado. A escada de acesso também, não obstante a esse princípio, permite tanto o trânsito rápido até a saída principal da residência quanto aos ambientes de alimentação, otimizando o trajeto independente de sua finalidade. Para finalizar, a seguir estão imagens da decoração original da sala de estar e do escritório.

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RESIDÊNCIA RUA OLÍMPIO DE ASSIS



Local: Rua Olímpio de Assis, 77, Bairro Cidade Jardim, Belo Horizonte

Conclusão do projeto: 1947

Arquiteto: Sylvio de Vasconcellos

Tipologia: Residencial

Padrão arquitetônico: Modernismo


Podemos notar nesta obra diversos elementos da composição modernista, enfatizando a funcionalidade na disposição dos ambientes, a presença de pilotis, pátio interno e amplidão, juntamente com a predominância dos materiais utilizados, incluindo concreto, ferro, vidro, pedra e madeira.

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Cidade Jardim é um bairro nobre de Belo Horizonte, com um custo de vida considerado alto, devido à sua localização privilegiada e aos serviços sofisticados disponíveis aos moradores. A obra se localiza na Rua Olímpio de Assis deste bairro, com um leve declive em um terreno de aproximadamente 1000m2 e afastamento frontal de aproximadamente de 10 metros. A fachada ocupa por completo a frente do lote, possuindo amplo acesso de pedestres e veículos. Em sua estrutura chama atenção o pilotis com pilares cilíndricos que funciona como estacionamento coberto para dois automóveis. A edificação foi tombada em virtude de sua relevância arquitetônica, permitindo apenas alterações internas pontuais, e foi adaptada para uso comercial de um escritório de advocacia em 2023.


Originalmente, o afastamento frontal possuía mais área permeável gramada, e hoje se encontra pavimentado quase em sua totalidade. A escada localizada à direita conduz ao andar superior, levando à varanda e à entrada principal. Todas as janelas e perfis metálicos em ferro, como portões, esquadrias e corrimãos, permanecem originais, passando apenas por restaurações.

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Fachada atual da residência da R. Rua Olímpio de Assis 77

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No início do percurso residencial, encontra-se uma grande porta de correr integrada a uma estrutura curva de vidro e ferro, desempenhando um papel tanto estético quanto funcional como elemento de vedação. Na planta original, é perceptível que o tipo e o vão da porta são distintos, tendo sido ampliados para uma opção de correr. Os revestimentos dos pisos internos são originais e evidenciam a importância da seleção dos materiais na distinção entre a varanda, revestida em granilite, e a área interna, que apresenta tacos de madeira dispostos em padrão espinha de peixe.

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Fachada atual da residência da R. Rua Olímpio de Assis 77

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À esquerda, temos acesso ao cômodo que anteriormente desempenhava a função de escritório e, nele, havia uma porta de acesso a um dos quartos. Atualmente, essa parede foi removida, criando um ambiente único. A parede que separa a sala de estar do escritório ainda existe; no entanto, apresenta ripas verticais de madeira que desempenham papel estético, ausente na planta original, o que torna incerta a data de sua implementação.




Espaço previsto para sala de estar atualmente

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Adiante, existe um hall interno adiante que conecta os quartos, área de refeições e cozinha, uma escada de acesso ao pavimento inferior e um cômodo adicional designado originalmente para costura. Dois dos quartos foram concebidos como semissuítes, representando uma proposta altamente funcional em que compartilham um mesmo banheiro intermediário.






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Planta original do segundo pavimento

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Escada de acesso a sala de estar Pilotis

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No primeiro pavimento, além dos pilotis que servem como estacionamento coberto para dois veículos, encontra-se no fundo uma imponente porta de madeira totalmente entalhada, que proporciona acesso à escada para o segundo andar, ao depósito, aos dois pequenos quartos e ao banheiro. Adicionalmente, há uma porta que leva à área externa dos fundos, também no formato de pilotis. Atualmente, esta área foi edificada e dividida em dois cômodos. As paredes externas da fachada do primeiro pavimento foram revestidas com pedras, que recentemente passaram por um processo de limpeza e restauração, assim como a porta de madeira.


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Planta original do primeiro pavimento


Na parte posterior do terreno, existe uma uma extensa área ao ar livre que se assemelha a uma praça. Além disso, há um anexo que não está registrado nas plantas originais, indicando possivelmente ter servido como moradia dos empregados na época.

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Porta de acesso ao primeiro andar Porta revitalizada

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Escada de acesso ao segundo pavimento Revestimento externo em pedras

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Janela original guilhotina com contrapeso Pisos originais restaurados




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


 
 
 

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