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Benedito Abbud

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • há 2 dias
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biografia


Benedito Abbud é um dos nomes mais reconhecidos do paisagismo contemporâneo brasileiro, um arquiteto e urbanista que se tornou referência em inúmeras obras atreladas à paisagem verde ao longo de sua carreira.

Seu primeiro contato com paisagismo se deu no início da década de 1970, quando ainda era um estagiário do escritório do arquiteto paisagista Luciano Fiaschi (formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, fundou seu escritório “LF Paisagismo” em 1969, além de corroborar a criação da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, da qual foi membro importante da direção ao longo de vários anos). Abbud também se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde realizou pós-graduação e mestrado, consolidando-se como um dos maiores paisagistas do Brasil.

Figura 1: Benedito Abbud ao lado de Luciano Fiaschi em 2013.
Figura 1: Benedito Abbud ao lado de Luciano Fiaschi em 2013.

Em 1981, criou seu escritório, nomeado "Benedito Abbud Paisagismo Planejamento e Projetos", que se tornou um dos mais requisitados do país. A empresa já conta com mais de 5000 projetos feitos e tem como foco principal criar arquiteturas paisagísticas com qualidade e identidade próprias. Os trabalhos realizados apresentam diversas escalas, indo de pequenos jardins residenciais até grandes obras públicas e comerciais, e se encontram tanto no Brasil quanto em outros países, como: Angola, Argentina e Uruguai. Abbud e seu escritório já realizaram diversas obras, a exemplo de cidades, parques, residências, bairros, praças e shoppings, sempre com o objetivo voltado a propor lazer, qualidade de vida, sustentabilidade, convívio social e cultura para os usuários.


Figura 2: logo do escritório Benedito Abbud
Figura 2: logo do escritório Benedito Abbud

Outra característica marcante de sua produção é a ausência de um rumo único e

previsível, ao invés de se especializar em um formato ou programa, Abbud explora

oportunidades muito diferentes. Essa abertura faz com que cada projeto seja conduzido

como um caso específico, com soluções próprias e adequadas ao contexto. Não há uma

fórmula repetida, o paisagista transita entre escalas e linguagens conforme as

necessidades do lugar e dos usuários, o que lhe permite experimentar materiais, usos e

configurações distintas, mantendo a coerência com seus princípios de integração entre

natureza, convivência e bem-estar.

De acordo com uma entrevista apresentada no site Adit, o arquiteto afirma que a personalidade que mais admira no seu setor é Burle Marx - renomado paisagista, artista plástico e botânico brasileiro - isso porque, na concepção de Abbud, Marx revolucionou o paisagismo moderno no mundo no século XX.

Além de arquiteto e paisagista, Abbud também se tornou escritor de artigos e livros,

como “Criando paisagens: Guia de Arquitetura Paisagística”, fruto de sua tese de

mestrado e uma das primeiras publicações brasileiras voltadas completamente ao

paisagismo. Também atuou como professor da faculdade onde se formou (USP) e da

PUC-Campinas, contribuindo para a formação de novas gerações de arquitetos

paisagistas e para a disseminação de conhecimento paisagístico no Brasil.


Figura 3: capa do livro "Criando paisagens", de Benedito Abbud
Figura 3: capa do livro "Criando paisagens", de Benedito Abbud

Em sua trajetória, foi também presidente da Associação Brasileira de Arquitetos

Paisagistas (ABAP) durante os biênios 1987-1988 e 1999-2000, de modo a reforçar seu

compromisso relacionado ao fortalecimento de sua profissão e o desenvolvimento da

cultura paisagística brasileira.

Um ponto importante das obras do paisagista é que ele utiliza de recursos naturais em seus projetos, criando espaços que integram os seres humanos e a natureza. Para ele, o paisagismo deve ser mais do que estético, apresentando também funcionalidade e sustentabilidade e, com isso, valorizando a paisagem dos ambientes e o bem-estar dos cidadãos.

Figura 4: logo da ABAP
Figura 4: logo da ABAP

Em suas realizações, costuma empregar plantas originárias dos locais trabalhados, ou espécies adaptadas ao clima da região, o que reduz, consequentemente, a necessidade de manutenção recorrente da paisagem. Outra questão interessante em seus trabalhos é que ele inclui outros elementos naturais, além de plantas, como madeira, pedras e água, o que aprimorar o caráter estético e sensorial do espaço, de forma a equilibrar o natural e o construído.

Entre seus vários projetos, vale destacar alguns como o Jardim Botânico de São Paulo, o Parque do Povo, também na capital Paulista, e o Bairro Golden Lake, em Porto Alegre. Benedito Abbud conta com mais de quatro décadas de trabalho e experiência, contribuindo significativamente para o avanço e consolidação do paisagismo no Brasil.


Figura 5: Jardim Botânico de São Paulo
Figura 5: Jardim Botânico de São Paulo

   Por meio de seus projetos, Benedito Abbud tenta melhorar a qualidade de vida nas cidades, promovendo o bem-estar entre as pessoas e o espaço em que vivem, além de unir o belo ao funcional e criar ambientes que ultrapassam a estética. Por tal motivo, Abbud se torna uma figura central no paisagismo do país.


Principais Obras:

  •  1977, Parque do Jaraguá, São Paulo (SP)

  • 2003, Faria Lima Center, São Paulo(SP)

  • 2003, Brascan Century Plaza, São Paulo(SP)

  • 2007, Eldorado Business Tower, SP

  •  2008, Praça Victor Civita, São Paulo (Pinheiros, SP)

  •  2008, Cidade Jardim, Rio de Janeiro (RJ)

    Figura 6: bairro Cidade Jardim, RJ
    Figura 6: bairro Cidade Jardim, RJ
  •  2008, Edifício Grand Líder, SP

  •  2009, Edifício Mansão Luciano Barreto Junior, SE

  •  2009, Parque Jefferson Péres, Manaus (AM)

    Figura 7: Parque Jefferson Péres, AM
    Figura 7: Parque Jefferson Péres, AM
  •  2010, Reserva da Mata, Riviera(SP)

  •  2011, Complexo Helbor Patteo Mogilar, São Paulo(SP)

  •  2012, Brascan Century Plaza Green Valley Alphaville, São Paulo(SP)

  •  2012, Complexo Residencial Font Vieille, Rio de Janeiro(RJ)

  •  2012, Edifício Cidade de Madrid, SP

  •  2013, Casa Mar, João Pessoa(PB)

  •  2013, Pátio Victor Malzoni, São Paulo(SP)

  •  2014, Pascal Campo Belo, São Paulo(SP)

  •  2014, Link Office, Mall & Stay, RJ

  •  2014, Unitt Urban Living, SP

  •  2014, Orizon View Houses, Salvador(BA)

    Figura 8: edifício Orizon View, BA
    Figura 8: edifício Orizon View, BA
  •  2015, NAU Frutos do Mar Natal, Natal(RN)

  •  2015, Teatro Porto Seguro, São Paulo(SP)

  •  2015, Trinity Life Style, SP

  •  2015, Sede do Infoglobo, RJ

  •  2016, Praça Pamplona, São Paulo(SP)

  •  2016, Thera Faria Lima, São Paulo(SP)

  •  2016, Parque Avenida, Belo Horizonte(MG)

  •  2016, Complexo Hospitalar Nove de Julho, São Paulo(SP)

  • 2017, Praça Ayrton Senna do Brasil, Ibirapuera, São Paulo(SP)

    Figura 9: Praça Ayrton Senna do Brasil, SP
    Figura 9: Praça Ayrton Senna do Brasil, SP
  • 2017, Casa 01, Criciúma(SC)

  • 2018, Palazzo di Toscana, João Pessoa(PB)

  • 2020, Sede da Autoglass, Vila Velha(ES)

  • 2021, Praia da Grama, Itupeva(SP)

  • 2021, Parque Linear, Rio Tietê (Barueri, SP)

  • 2022, Pavilhão Castelatto, São Paulo(SP)

  • 2022, Complexo Cidade Matarazzo, São Paulo (SP)

    Figura 10: Complexo Cidade Matarazzo, SP
    Figura 10: Complexo Cidade Matarazzo, SP
  • 2022, Torre Mata Atlântica, Cidade Matarazzo (São Paulo, SP)

  • 2023, Mirant Vila Madalena, São Paulo(SP)

  • 2024, Oscar Itaim, São Paulo(SP)

  • 2024, One Residencial, Fortaleza(CE)

  • 2025, Horizonte JK, São Paulo(SP)

  • 2025, Shopping Cidade São Paulo, São Paulo(SP)

  • 2025, Bairro Golden Lake, Porto Alegre(RS)

    Figura 11: projeto do bairro Golden Lake, RS
    Figura 11: projeto do bairro Golden Lake, RS
  • 2025, TRISUL, Oscar Ibirapuera, São Paulo(SP)

  • 2025, Atlântico Golf, Patrimar, RJ

  • 2025, DASART, Mansão Diogo, CE

  • 2025, Alive Home Resort, Vila Prudente (SP)

  • 2025, Praça dos Omaguás (TRISUL), São Paulo (SP)

  • 2025, Península Vila Madalena (TRISUL), São Paulo (SP)

  • 2025, Casa Isla, Carneiros, PE

  • 2025, Moura Dubeux, Beach Class Carneiros (PE)

  • 2025, Cyrela Oscar Freire (Oscar 2), São Paulo (SP)

  • 2025, Oceana Golf Patrimar, Rio de Janeiro (RJ)

  • 2025, Parque da Juventude, Barueri (SP)



praça victor civita


Figura 12: projeto da Praça Victor Civita
Figura 12: projeto da Praça Victor Civita

Ficha técnica:


Localização: São Paulo, SP

Arquitetos: Levisky Arquitetos Associados e Anna Dietzsch

Projeto Paisagístico: Benedito Abbud

Tipo de Projeto: Urbanismo, Sustentabilidade, Revitalização Urbana.

Ano de início e inauguração: 2007 e 2008

Área de construção: 13.648m²

Área Construída: 2.650m²



   Arquitetada pelo escritório Levisky Arquitetos Associados e pela arquiteta Anna Dietzsch, a praça Victor Civita, localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo, carrega consigo o lema de sustentabilidade, incorporando princípios ecológicos, políticos, educacionais e culturais voltados para o envolvimento da comunidade local para com a disseminação de práticas sustentáveis.

O projeto, com parceria pública-privada, foi implantado em uma área contaminada, que funcionou como depósito de lixo/resíduos hospitalares entre os anos de 1949 e 1989, assim, impossibilitando o contato humano direto do solo com a população do local. Dessa forma, o projeto contou com uma maior precaução em isolar algumas dessas partes de solo contaminado com a utilização de peças e decks de madeira (Ipê, Garapa e Sucupira) apoiados em estruturas metálicas, elevando-os e protegendo a população.

O Arquiteto Paisagista, Benedito Abbud, trabalhou no projeto justamente nesse quesito, buscou incorporar a vegetação contaminada e a implantação de novos tipos de plantas para uma possível futura descontaminação do solo, utilizando, assim, estratégias ecologicamente sustentáveis abordadas na Agenda 21(Plano de ação global adotado em 1992 para promover a proteção ambiental). Dessa maneira, o arquiteto utilizou as melhores soluções, com o emprego de espécies específicas de plantas, como a soja e o milho para desenvolver uma produção agrícola sustentável, aplicadas para fabricar biodíesel e etanol.



Figura 13: local de implantação da praça
Figura 13: local de implantação da praça

Ao adentrar na praça, é perceptível os alargamentos presentes nos decks de madeira, haja vista o objetivo de criar ambientes/salas urbanas que propaguem diversas atividades, como ginastica, dança e teatro (números 3,7,11,12 e 16). Vale salientar, também, que nos trechos verdes, que abrigam a vegetação natural do local preservado, houve o tamponamento de 50cm de solo sadio para controle dos processos de contaminação e prevenção de um possível contato das pessoas com a área preservada/contaminada(cerca de 80 espécies de árvores existentes foram mantidas no projeto, como eucalíptos e seringueiras).

A praça orienta e leva as pessoas à conhecerem o que ela oferece, é conduzida a partir de um eixo de espinha de peixe que atravessa todo o terreno e organiza, a partir da inserção de seus decks, suas práticas, funções e vivências para aqueles que a visitam. Esse eixo estruturante norteia o visitante a ir conhecendo os locais e suas variadas práticas culturais, sejam as salas urbanas(números 1, 11 e 16) ou até mesmo os alargamentos no decks de madeira voltados às práticas corporais, como a área para shows e apresentações, arquibancadas e salas de ginásticas(números 3,7 e 12).


Figura 14: planta da praça
Figura 14: planta da praça

A Praça Victor Civita não se limita somente à reinserção cultural em uma área degradada, mas também abrange aspectos educacionais voltados à inserção da eduacação ambiental de jovens e adultos. O antigo incinerador de resíduos tóxicos foi transformado em um “Museu da Sustentabilidade”(número 8), com a adaptação do antigo edifício existente e sua conversão em um exemplo que reforça a importância de evitar que os erros do passado se repitam. Outros aspectos educacionais foram incorporados em oficinas distribuídas ao longo dos decks elevados na praça, mostrando o processo de tratamento de resíduos orgânicos para a amenização da contaminação do solo(número 2), no qual é feito o plantio de alimentos e plantas impróprios para o consumo humano, como a soja e o milho para uma futura descontaminação do solo da praça(número 9).


Figura 15: corte - deck de madeira com estrutura metálica:
Figura 15: corte - deck de madeira com estrutura metálica:

Para além do contexto educacional, Benedito Abbud, em seu processo paisagístico, utiliza especíes de vegetais nos muros e jardins com funções fitoterápicas originárias da flora paulistana. Alguns desses vegetais foram implantados em jardins isolados do solo original, os chamados “Tec Gardens”, que funcionam a partir de um sistema de capilaridade(número 9).

Neste caso, o Tec Garden foi concebido com uma camada de brita para o nivelamento do solo, coberta por uma camada de borracha. Sobre essa manta são fixadas as placas vazadas de ardósia com fribra de coco presente em seu interior. Dessa maneira, a água da chuva coletada se acumula na manta de borracha e é guiada até a superficíe superior do Tec Garden por meio da capilaridade, funcionando como um jardim de biorretenção (infiltração de águas pluviais).


Figura 16: corte - Tec Garden:
Figura 16: corte - Tec Garden:

   

Figura 17: corte Longitudinal 1:
Figura 17: corte Longitudinal 1:


Figura 18: corte Transversal 1:
Figura 18: corte Transversal 1:

  

Figura 19: corte Longitudinal 2:
Figura 19: corte Longitudinal 2:

Por fim, o projeto aborda o trauma do passado, ressignifica e mostra as saídas para um futuro mais sustentável em meio a um cotidiano e humanidade individualista, contribuindo para a ampliação do saber da comunidade local e dando vida a algo que já parecia perdido(requalificação ambiental urbana). Em meio ao solo contaminado, a população reencontrou saídas que contribuem para uma melhor qualidade de vida, para a inserção cultural, educação de qualidade e saúde pública. 



TORRE MATA ATLÂNTICA

Figura 20: Torre Mata Atlântica, SP
Figura 20: Torre Mata Atlântica, SP

Ficha Técnica:


Localização: São Paulo, Brasil

Ano do projeto: 2022

Uso predominante: residencial e comercial

Estilo arquitetônico: contemporâneo

Paisagismo: Benedito Abbud Arquitetura Paisagística

Cálculo estrutural: JKMF Soluções Estruturais

Consultoria agronômica e implantação: Companhia das Árvores

Sistemas de segurança para arborização: Projar Soluciones Ambientales

Consultoria de riscos estruturais: Oriciclon, VMC Consultoria

Consultoria de vento e aerodinâmica: Vento-S Engenharia de Ventos

Equipe de paisagismo: Benedito Abbud, Eduardo Ikoma, Camila Mathias, Camila Opipari, Felipe Abbud, Fernanda Ruggeri Savietto, Gabriel Singeski, Lilian C. Massari e Sergio Fernández Pérez


A Torre Mata Atlântica integra o complexo Cidade Matarazzo, caracterizado pela combinação entre patrimônio histórico restaurado e novas estruturas contemporâneas implantadas em uma região de elevada densidade urbana. Projetada por Jean Nouvel, a torre propõe uma leitura arquitetônica em que elementos típicos da vegetação tropical são reinterpretados na verticalidade do edifício. A volumetria escalonada cria sucessivas plataformas capazes de receber áreas vegetadas, fazendo com que o paisagismo se torne parte fundamental da linguagem visual e do desempenho ambiental da construção.

O escritório Benedito Abbud Arquitetura Paisagística desenvolveu a adaptação e aprimoramento do paisagismo original, considerando a implantação da vegetação em múltiplos níveis e a compatibilização com requisitos estruturais, ambientais e de manutenção.

A vegetação foi organizada em três camadas principais. A primeira corresponde às jardineiras e varandas das unidades residenciais, destinadas a espécies menores e vegetação de varanda. A segunda abrange os terraços criados pelos recuos volumétricos, que permitem o uso de árvores de médio porte devido à maior profundidade das áreas de plantio. A terceira camada está na base do edifício, conectando o térreo e os espaços urbanos a uma ambientação paisagística contínua.


Figura 21: estruturas metálicas da Torre Mata Atlântica
Figura 21: estruturas metálicas da Torre Mata Atlântica

  O desenho paisagístico foi estruturado pavimento por pavimento, associando a espécie vegetal e o porte ao caráter de cada nível da torre. Os pavimentos com lajes recuadas concentram vegetação mais robusta, enquanto sacadas e varandas recebem soluções compactas. No térreo, o paisagismo reforça a transição entre o conjunto arquitetônico e a cidade.

A volumetria escalonada, marcada por sucessivos recuos, não apenas confere identidade formal ao edifício, mas também funciona como suporte técnico para o paisagismo. As plataformas em diferentes alturas criam descontinuidades na fachada e permitem que o edifício seja lido como uma composição de blocos intercalados por vegetação. Com isso, a torre ganha ritmo, profundidade e diversidade visual.

Para garantir o desempenho adequado das áreas de plantio em altura, foram adotadas soluções técnicas específicas: substratos especiais, sistemas de drenagem e impermeabilização, irrigação automatizada, reforços estruturais e barreiras anti-raiz. Esses elementos asseguram a estabilidade da vegetação, protegem a estrutura e facilitam o manejo contínuo.


Figura 22: visão aérea da torre e de parte do Complexo Matarazzo.
Figura 22: visão aérea da torre e de parte do Complexo Matarazzo.

  Apesar da proposta inovadora, o paisagismo vertical impõe desafios importantes, como o peso adicional do solo, a limitada profundidade de algumas jardineiras, a exposição intensa ao vento e à radiação solar e a necessidade de cuidados frequentes. Sem manutenção rigorosa e acompanhamento técnico, a proposta pode se descaracterizar ao longo do tempo.

Em síntese, o paisagismo da Torre Mata Atlântica atua como componente estruturante do projeto, e não como simples adorno. A integração entre volumetria, vegetação e soluções técnicas transforma o edifício em uma espécie de “paisagem vertical”, mas exige comprometimento constante para garantir sua vitalidade e longevidade.


Plantas baixas


  As plantas da Torre Mata Atlântica mostram um partido arquitetônico centrado em um núcleo compacto de circulação vertical, onde estão localizados os elevadores e as escadas, permitindo que as fachadas sejam liberadas para iluminação natural, ventilação e vistas. A partir desse miolo central distribuem-se as unidades residenciais, organizadas de acordo com a geometria irregular da torre.


Nível 4


O pavimento apresenta a maior densidade de unidades, com tipologias compactas de um e dois dormitórios. A repetição de plantas espelhadas e a disposição racional ao longo do corredor refletem uma solução eficiente de circulação e aproveitamento de área.

Figura 23: planta baixa do nível 4.
Figura 23: planta baixa do nível 4.

Nível 8


A partir desse pavimento, surge uma transição para unidades maiores, com varandas ampliadas e terraços decorrentes dos recuos volumétricos. A vegetação se intensifica em jardineiras contínuas, e os espaços internos ganham áreas sociais mais generosas.


Figura 24: planta baixa do nível 8.
Figura 24: planta baixa do nível 8.

Nível 10


O pavimento evidencia a consolidação dessa mudança: grandes áreas externas com vegetação fazem parte do programa arquitetônico, criando jardins suspensos que reforçam a integração entre interior e exterior. As fachadas mostram maior fragmentação e plasticidade.

Figura 25: planta baixa do nível 10.
Figura 25: planta baixa do nível 10.

Nível 13


Aqui, surgem unidades de padrão mais elevado, muitas ocupando cantos inteiros da planta e com ampla abertura visual. As varandas são extensas e o paisagismo assume papel compositivo explícito, contribuindo para uma leitura dinâmica do volume.


Figura 26: planta do nível 13.
Figura 26: planta do nível 13.

Implantação


A planta de implantação revela uma distribuição criteriosa das espécies vegetais, buscando replicar características da Mata Atlântica no ambiente vertical. A variedade de portes e texturas reforça a biodiversidade e estabelece continuidade sensorial ao longo do edifício.

A complexidade técnica é evidente: irrigação, drenagem, contenção e impermeabilização precisam atuar de forma integrada à estrutura arquitetônica, garantindo segurança e desempenho ambiental.


Figura 27: planta de implantação.
Figura 27: planta de implantação.

Elevações e corte


Elevação frontal


A fachada frontal evidencia a composição estratificada da torre, marcada pela presença de terraços arborizados em diferentes alturas. Essa disposição cria uma paisagem vertical contínua e reduz a impressão de um volume rígido. O uso de brises e suportes para vegetação pendente contribui para o sombreamento e melhora o desempenho térmico.

Figura 28: elevação frontal da torre.
Figura 28: elevação frontal da torre.

Elevação lateral


Na vista lateral, o escalonamento volumétrico torna-se ainda mais perceptível. Uma malha metálica secundária envolve parte da fachada e sustenta trepadeiras, funcionando como filtro de luz e elemento de sombreamento natural. Isso gera uma interface mais suave entre o edifício e o entorno urbano.

Figura 29: elevação lateral da torre.
Figura 29: elevação lateral da torre.

Corte da cobertura


O corte revela a complexidade técnica das áreas verdes no topo: diferentes profundidades de solo, caminhos de circulação, sistemas de drenagem e espaços de convivência. Árvores de maior porte reforçam a ideia de continuidade da “floresta vertical” até o coroamento do edifício.

Figura 30: corte da cobertura.
Figura 30: corte da cobertura.



Referências



Autores:

Ana Flávia Faria, Jean Gandra, Kauan Gobetti e Nicolas Guimarães

 
 
 

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