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LAURENT TROOST

  • Foto do escritor: ACR 113
    ACR 113
  • 4 de fev.
  • 7 min de leitura

Biografia

Laurent Troost è um arquiteto belga que desenvolve projetos que ͏juntam o cuidado com a natureza com uma boa noção das condições do clima e da cultura do local. Ele iniciou sua carreira no Brasil, em 2008, especialmente na Amazônia, onde ele mescla uma estética contemporânea à sustentabilidade.

Troost nasceu em 1977, em Bruxelas, na Bélgica. Ele se formou em Arquitetura e Urbanismo em 2001 pelo ISAIVH, Instituto Superior de Arquitetura Victor Horta, de Bruxelas, onde ele teve influência de arquitetos modernistas europeus e de uma maneira de fazer arquitetura atual, que defende o bom uso dos recursos naturais e uma maior integração com o espaço do projeto.

Após a graduação, o arquiteto trabalhou em diversos escritórios na Europa e na Ásia, adquirindo maior experiência tanto em projetos habitacionais, quanto em urbanísticos. Em 2008 ele se mudou para o Brasil, onde começou a explorar soluções arquitetônicas para as condições tropicais.

Troost deu os primeiros passos em sua carreira em Manaus no ano de 2013 ao estabelecer o escritório Laurent Troost Architectures. A abordagem distinta do escritório está na integração da arquitetura com urbanismo e paisagismo considerando sempre as características tropicais e os recursos disponíveis na região amazônica. O destaque de seu trabalho está na utilização de materiais regionais e soluções naturais para ventilação e iluminação; além disso a estética adota elementos que resgatam a herança cultural e histórica do local. Em 2020 ele firmou parceria com o arquiteto brasileiro Vitor Pessoa para formar o escritório Troost+Pessoa Architecture.



Lista de projetos

Laurent Troost possui autoria em muitos projetos por todo o território brasileiro, abaixo estão citados alguns deles.

  • 2016 - Castanheira Armazém, Manaus

  • 2018 - Câmara de Cultura Urbana, Manaus

  • 2019 - Casa Transparente, Manaus

  • 2020 - Casa da Inovação, Manaus

  • 2022 - Centro Cultural do Rio Negro, Manaus

  • 2023 - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Manaus


Premiações e Honrarias

  • 2018 - Prêmio ArchDaily Brasil: Melhor Projeto de Reabilitação com o Castanheira Armazém.

  • 2019 - Prêmio Dezeen Awards: Menção honrosa em sustentabilidade.

  • 2021 - Revista Projeto: Destaque na edição especial sobre arquitetura tropical.



Análise de projetos

Galpão Tropical:
  • Localização: Manaus, Amazonas, Brasil

  • Arquitetura: Laurent Troost Architectures

  • Autor do Projeto: Laurent Troost

  • Equipe: Laurent Troost, Ingrid Maranhão, Raquel Brasil

  • Projeto Estrutural: Daniel Adolfs

  • Projetos Complementares: Rafaela Lima

  • Paisagismo: Hana Eto Gall, Laurent Troost

  • Fabricantes: Cerâmica Rio Negro, Di Carbone, Flora Eto, Rainbird

  • Construção: Helena Rabello, Daniel Herszon

  • Área: 100 m²

  • Ano: 2021

  • Cliente: Muiraquitã Arqueologia


A obra arquitetônica Galpão Tropical, concluída em 2021, é localizada no Cachoeirinha, bairro popular e industrial de Manaus, seu terreno é uma faixa estreita que se interliga com o quintal das proprietárias através do acesso ao lado direito da construção. O escritório integrado com área de lazer se apresenta como um oásis aproximando o urbano ao natural e apesar de se distanciar dos usos da região procura se assemelhar à espacialidade.

                                                     



      

   

A estrutura em pórticos, com sua forma vertical, remete de forma clara aos antigos galpões industriais, estabelecendo um elo direto com a história de Manaus. A cidade, que recebeu a Zona Franca em 1967, passou a ser um grande polo de industrialização e essa memória histórica é sutilmente capturada no projeto. 






         O paisagismo do projeto é um dos seus grandes destaques. A edificação se recua em todos os lados, criando um espaço livre ao redor, que é ocupado por jardins verticais. Essas áreas não são apenas decorativas, mas funcionais. Nas estruturas de vergalhões, as trepadeiras de espécies como a Tumbérgia Azul (Thunbergia grandiflora) e o Maracujá (Passiflora sp) encontram seu ambiente ideal para crescer, criando um movimento orgânico e fluido, que suaviza a rigidez da arquitetura e traz vida ao espaço.







       É interessante notar que o paisagismo vai além da estética, pois atua de maneira estratégica, criando sombra para toda a edificação. O uso de cabos de aço para sustentar as trepadeiras forma um "túnel verde" que envolve a construção, proporcionando uma atmosfera fresca e agradável. Essa vegetação, ao mesmo tempo que oferece alívio térmico, também se utiliza de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), como lambari-roxo, bastão do imperador, taiobas, maracujás e maranta, que são plantadas e cultivadas no local. Esse uso de plantas alimentícias vai além da simples função decorativa, pois promove um vínculo com a natureza e a sustentabilidade, além de resgatar o uso do terreno, que, historicamente, foi um pomar.

        A fachada principal de tijolos vazados brinca com a luz e permite que os ventos predominantes penetrem na edificação. Esta ocupa uma faixa estreita e pode ter sua setorização dividida em dois momentos. No primeiro, na parte frontal, se encontra a área de lazer, tomada por muito conforto e intimismo, apropriadas pelas proprietárias que moram no lote vizinho, há churrasqueira, rede como costume da região e ducha. Sob a área gourmet, a cobertura em balanço dispõe de um sistema de irrigação, a chuva artificial traz grande alívio das altas temperaturas e permite vivacidade do paisagismo. 







A piscina descoberta marca a transição entre ambientes. Nos fundos, situa-se o escritório de arqueologia, um lavabo ao canto direito e uma lavatório à direita. Apesar do lote ser esguio, a noção de amplificação, nesse espaço, foi atingida com um pé direito duplo e paredes de tijolos que por momentos se mostram translúcidas. Essas transparências permeiam ventos cruzados que reafirmam a ideia de arejamento mas se fecham em certos ângulos, a fim de garantir a privacidade.








Casa Campinarana

FICHA TÉCNICA: 

  • Localização: Manaus, Amazonas, Brasil

  • Arquitetura: Laurent Troost Architectures

  • Autor do Projeto: Laurent Troost

  • Equipe: Laurent Troost, Raquel Brasil dos Reis

  • Projeto Estrutural: Engenheiro Flávio Carvalho

  • Projetos Complementares: Engenheiro Raimundo Onety

  • Paisagismo: Laurent Troost, Hana Eto Gall, Edith Eto Gall

  • Mobiliário: MMCité, Dellanno

  • Fabricantes: Amazon Aço, Dellanno, Gerdau Corsa, ROCHA Aluminium, mmcite

  • Construção: Helena Rabello, Daniel Herzson

  • Área construída: 366 m²

  • Área interna: 232 m²

  • Ano do projeto: 2012 – 2017

  • Ano da obra: 2016 – 2017


A “Casa Campinarana” é um projeto arquitetônico localizado em um condomínio fechado na área urbana de Manaus, concluído em 2017. Possui dois andares e foi projetada para se aconchegar dentro da Floresta Amazônica de Campinarana, caracterizada por pequenas árvores, cujo solo é raso e argiloso.

O ponto de partida do conceito do projeto foi a preservação da Floresta, buscando uma arquitetura orientada para o conforto térmico e a sustentabilidade “passiva”, com uma implantação adequada, criação de beirais protetores, dimensionamento e orientação das aberturas para a ventilação cruzada, assim como a preservação dos sistemas ecológicos existentes.



O terreno de 20x40m possuía árvores no fundo e na frente, com uma área livre ao centro. Assim, a estratégia arquitetônica, para minimizar o desmatamento e preservar grande parte da Floresta, foi a inversão da tipologia habitacional clássica no centro do lote, ou seja, os quartos estão localizados no térreo, enquanto a cozinha e sala de estar no pavimento superior, bem como a piscina ao ar livre. 

A casa foi dividida em dois grandes volumes: um longilíneo e outro transversal, que se unem em um formato de “T”, a fim de integrar o espaço de forma eficiente, mantendo um equilíbrio entre a área construída e o entorno natural. Isso também contribui para a sensação de leveza da estrutura e maximiza a entrada de luz natural, enquanto a ventilação cruzada em todos os ambientes assegura o conforto térmico. As áreas da casa que não precisam estar protegidas do sol são deixadas mais expostas, enquanto os espaços de convivência e quartos são mais sombreados. 


O pavimento térreo abriga funções como o acesso, a garagem, dois quartos, dois banheiros e um escritório. Uma escada fechada, mas ao ar livre, na lateral da casa, leva até o pavimento superior.

 A parte superior, percorrida por cercas pretas, abriga um pátio com rede, sala de estar, sala de jantar e cozinha com portas envidraçadas que se abrem para o espaço externo, em que o telhado sombreia muitas dessas áreas. A piscina ao ar livre, revestida com azulejos turquesa, completa o andar superior, além de combinar com os tons da vegetação ao redor.



Para garantir o conforto térmico no pavimento superior, o volume transversal principal recebeu um telhado com 8 águas em 2 níveis separados, permitindo a passagem da brisa. O telhado se estende sobre as bordas do edifício, dobrando-se em duas de suas extremidades para cobrir uma parte do nível superior, protegendo o interior dos raios de sol forte e promovendo privacidade, já que a construção não possui muros ou cercas.

Suportado apenas por oito apoios em “V”, o telhado pode dilatar em função da variação térmica e insolação ao longo do ano, sem comprometer a estrutura da casa. O aço  Corten  foi a escolha para o material do telhado , devido à sua baixa manutenção, durabilidade  e a cor avermelhada presente no solo argiloso da Amazônia. Nos quatro cantos da cobertura, em sentido longitudinal, calhas que terminam em tubos de queda, recolhem, armazenam e bombeiam a água da chuva de volta para o telhado, a fim de resfriar o aço quente.



A vegetação contrasta com alguns materiais, como o concreto aparente, vidros e paredes brancas, enquanto o uso de outros materiais combinam com os tons da vegetação  ao redor. Além disso, a largura do volume foi planejada de forma reduzida, para a garantia da ventilação cruzada em todos os ambientes, assim como as paredes de vidro deslizantes ao redor do volume do pavimento superior, que permitem que os principais espaços de convivência se abram para o exterior, proporcionando maior ventilação e conexão com a vegetação ao redor.



Referências


(“Laurent Troost Architectures”, [s.d.]) Laurent Troost Architectures. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/office/laurent-troost-architectures>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(“LAURENT TROOST”, [s.d.]) LAURENT TROOST. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/atlasdearquitetura/laurent-troost/>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(“O melhor da arquitetura”, 2018) O melhor da arquitetura. Disponível em: <https://revistaprojeto.com.br/>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(“PAPO DE PAISAGISTA”, 2019) PAPO DE PAISAGISTA. Disponível em: <https://papodepaisagista.com/>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(“Patrimônio belga no Brasil |”, [s.d.]) Patrimônio belga no Brasil |. Disponível em: <https://www.belgianclub.com.br/pt-br>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(“Troost, Laurent”, [s.d.]) Troost, Laurent. Disponível em: <https://www.belgianclub.com.br/pt-br/creator/troost-laurent>. Acesso em: 17 dez. 2024.

(CARLSON et al., [s.d.]) CARLSON, C. et al. Dezeen. Disponível em: <https://www.dezeen.com/>. Acesso em: 17 dez. 2024.


autores

Maria Clara Piassi Andrade

Mariana Motta

Raíssa Alonso


 
 
 

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